"Aplaudo a escolha da paz, e os esforços de mediação da União Africana, África do Sul e Quénia. O Reino Unido está pronto a apoiar o processo de paz", disse o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, na rede social Twitter.
As declarações surgem na sequência das conversações de paz em Pretória, na África do Sul, em que o Governo etíope e os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) concordaram com uma "cessação das hostilidades" na região norte da Etiópia, um acordo que Cleverly descreve como "muito importante".
A reunião de "alto nível" decorreu sob os auspícios da União Africana (UA), com a presença do ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta e o ex-presidente adjunto sul-africano Phumzile Mlambo-Ngcuka, bem como representantes da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), das Nações Unidas e dos Estados Unidos da América.
A guerra, que cumpre dois anos na sexta-feira, registou abusos de ambos os lados.
Uma questão crítica que se impõe, é saber quando poderá a ajuda regressar ao Tigray, com seis milhões de habitantes, numa grave crise humanitária.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus - natural desta região - afirmou que o Tigray vive "a pior crise humanitária do mundo", e está sem ajuda humanitária há dois meses.
O conflito deixou a região isolada, com comunicações e ligações de transporte em grande parte cortadas.
Até meio milhão de pessoas foram mortas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de dois milhões de etíopes foram deslocados e centenas de milhares foram mergulhados em condições de quase inanição.
A guerra intensificou-se nas últimas semanas depois de novos combates terem eclodido em agosto, após uma trégua humanitária de cinco meses acordada entre as partes.
O conflito em Tigray estalou em 04 de novembro de 2020 após um ataque da TPLF à base principal do exército em Mekelle, na sequência do qual o Governo de Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.
A TPLF acusa Abiy de alimentar tensões desde que chegou ao poder em abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo a tomar posse.
Até então, a TPLF tinha sido a força dominante no seio da coligação governante da Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), de base étnica.
O grupo opôs-se às reformas de Abiy, que considerou como uma tentativa de minar a sua influência.
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