"Os democratas estão a superar expectativas em todo o país", afirmou o congressista Ted Lieu, que foi reeleito pelo 33º distrito da Califórnia. "Definitivamente não é uma onda vermelha, com certeza", disse Lieu, contrariando as palavras do republicano Lindsey Graham à televisão NBC.
O partido republicano continua a ser favorito para reconquistar o poder na Câmara dos Representantes, mas por uma margem inferior ao que desejava -- que pode ser de apenas três assentos -- e com o Senado a poder ainda cair para qualquer um dos lados.
Lieu disse que o desempenho se deve ao facto de os democratas terem aprovado legislação importante, como o pacote de combate à inflação, mas também porque muitos candidatos republicanos "são doidos da cabeça" e prometeram ações como a criminalização do aborto em todo o país.
O congressista Adam Schiff, também reeleito esta noite pelo 28º distrito da Califórnia, sublinhou igualmente o desempenho melhor que o previsto para os democratas.
"Já desafiámos os analistas que estavam a prever uma onda vermelha em todo o país", afirmou. "Em vez disso, os nossos democratas estão a aguentar-se firme".
A surpresa, ainda por confirmar, explica porque é que o Hollywood Palladium -- que abriu para receber os democratas à hora do fecho das urnas na Califórnia e é a central onde se estão a assistir aos resultados -- tem menos de metade da capacidade preenchida. A noite temia-se desastrosa.
Falando a uma audiência pouco barulhenta, Adam Schiff endereçou a gravidade do momento perante o número elevado de candidatos republicanos que negam a legitimidade do presidente Joe Biden.
"Encontramo-nos esta noite num momento muito precário da história da nossa democracia", considerou Schiff, que estava no Capitólio a 06 de janeiro de 2021 quando foi atacado por uma multidão de apoiantes de Donald Trump.
"Pensei que depois de a grande mentira ter levado a violência, seria repudiada", afirmou. "Mas os republicanos agarraram-se a ela ainda com mais força".
Este tema foi mencionado por todos os dirigentes que passaram pelo palco e falaram da importância de defender a democracia a partir de Los Angeles e da Califórnia, uma cidade e um estado que pendem fortemente para os democratas.
Isso refletiu-se nas vitórias locais. Não só a candidata oficial do partido ao cargo de "mayor", Karen Bass, está à frente na corrida, como se espera que a proposta de lei para consagrar o direito ao aborto na Constituição estadual tenha vencido a votação.
Alex Padilla, anterior secretário de Estado, também se tornou no primeiro hispânico a ser eleito para o Senado pela Califórnia e comemorou o que disse ser "uma noite histórica".
"Temos uma batalha incrível pela frente", afirmou Padilla, "e a Califórnia está pronta para a liderar".
Padilla referiu os esforços promovidos pelo estado mais populoso dos Estados Unidos para alargar o acesso dos eleitores aos boletins de voto e facilitar a votação, tanto por correspondência como presencialmente.
"A América é grande. A nossa democracia é sagrada", disse Padilla. "O sonho americano é sagrado. E juntos vamos defendê-lo".
A noite, que começou no Palladium com a atuação do grupo musical Mariachi Lindas Mexicanas, poderá ser longa, devido ao grande volume de votos por correspondência e margens apertadas em corridas-chave.
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