Retirada de Kherson envolveu mais de 30.000 soldados russos
Mais de 30.000 soldados russos passaram para a margem esquerda do Rio Dniepre, que divide a região de Kherson, no sul da Ucrânia, anunciou hoje o Ministério da Defesa em Moscovo.
© Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
"No total, mais de 30.000 militares russos e quase 5.000 unidades de armamento e veículos militares foram retirados" da margem ocidental do rio, disse o ministério russo, citado pelas agências francesa AFP e espanhola EFE.
O ministério acrescentou que as suas tropas não deixaram nada para trás, nem mesmo carros e equipamento avariado.
A operação deveu-se ao avanço das tropas ucranianas, que entraram hoje na cidade de Kherson, a capital da região com o mesmo nome.
A Rússia citou a superioridade numérica do inimigo para justificar a retirada.
Disse também que se deveu à necessidade de enviar parte deste contingente para outras zonas da frente, o Donbass (Donetsk e Lugansk, no leste) ou Zaporijia (sudeste).
Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk são as quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia em 30 de setembro, numa decisão considerada ilegal por Kiev e pela generalidade da comunidade internacional.
A cidade de Kherson, onde as tropas russas entraram poucos dias depois da invasão (24 de fevereiro), era a única capital regional ucraniana conquistada pela Rússia em quase nove meses de guerra.
No início de setembro, Kiev lançou um ataque-surpresa na região de Kharkiv (nordeste) e reivindicou, desde então, a reconquista de importantes centros logísticos, como Izium, Kupiansk e Lyman (leste).
A retirada foi anunciada pelo comandante russo na Ucrânia, general Serguei Surovikin, na quarta-feira, e foi considerada a maior derrota sofrida desde o início da ofensiva militar no país vizinho.
O revés é ainda mais significativo por ocorrer menos de dois meses depois de o líder russo, Vladimir Putin, ter ordenado a mobilização de 300.000 reservistas para consolidar as tropas em dificuldade perante a contraofensiva ucraniana.
A retirada de Kherson foi apoiada por figuras altamente críticas da estratégia do exército russo na Ucrânia, como o líder checheno, Ramzan Kadyrov, mas mal recebida por especialistas próximos do Kremlin (Presidência).
"A rendição de Kherson é a maior derrota geopolítica da Rússia desde o desmembramento da União Soviética", considerou Serguei Markov, antigo conselheiro de Putin, citado pelas agências espanhola EFE e norte-americana AP.
Apesar da retirada, o Kremlin afirmou hoje que Kherson continua a ser uma região da Federação Russa.
"É um assunto da Federação Russa. Não pode haver mudança", disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov.
Ao anunciar a mobilização dos reservistas, Putin avisou que a Rússia usaria todos os meios para defender a sua integridade territorial, numa referência à possibilidade de utilização de armas nucleares.
Na perspetiva da Moscovo, as quatro regiões agora anexadas e a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014, fazem parte do território da Federação Russa.
Leia Também: Forças ucranianas entram em Kherson após retirada russa
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com