No decurso de uma cimeira da OE em Samarcanda, terceira cidade do Uzbequistão, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan "agradeceu" aos membros desta organização por terem "aceitado a República de Chipre do Norte como membro observador".
"A República de Chipre do Norte foi aceite como membro observador da Organização dos Estados turcófonos. Estaremos sempre e em toda a parte do vosso lado #RTCN", indicou por sua vez no Twitter o chefe da diplomacia turca, Mevlut Çavusoglu.
No entanto, os restantes membros da OET não confirmaram a adesão da RTCN -- apenas reconhecida por Ancara --, como observador, com o Uzbequistão, anfitrião do encontro, e o Cazaquistão a emitirem incertezas sobre o anúncio turco, sem o desmentirem formalmente.
"Não foi assinada qualquer resolução específica sobre Chipre do Norte" durante a cimeira, declarou aos 'media' Vladimir Norov, chefe da diplomacia uzbeque, recordando o compromisso do seu país para com a "integridade territorial dos Estados".
O Presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokaiev, também sublinhou durante a cimeira a importância da "integridade territorial de todos os Estados", sem mais precisões. Horas depois, a diplomacia cazaque afirmou que estas declarações se relacionavam com o pedido turco de integrar a RTCN como membro observador, indicou a agência noticiosa AFP.
A autoproclamada RTCN surgiu na sequência da invasão de 1974 de Chipre pelo exército turco, em reação a um fracassado golpe de Estado promovido por nacionalistas cipriotas gregos. A ilha permanece atualmente dividida, com o Governo cipriota a controlar a parte sul da ilha, cerca de 65% do território e membro da União Europeia (UE) desde 2004.
A OET, previamente designada "Conselho Turcófono" e fundada em 2009, reúne os países designados turcófonos, que partilham raízes culturais, linguísticas e religiosas.
Para além da Turquia, a plataforma agrupa quatro ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso (Azerbaijão) e da Ásia central (Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão), e ainda dois países observadores, o Turquemenistão -- outra ex-república soviética da Ásia central -- e a Hungria.
A OET é encarada pela Turquia como um instrumento que lhe permitirá ampliar a sua influência na Ásia central, região dominada há décadas por Moscovo e que, apesar da dissolução da União Soviética, manteve o predomínio na região através de alianças militares e económicas.
Leia Também: Justiça turca pede prisão efetiva para presidente da Câmara de Istambul