"Vamos continuar com estes testes, especialmente em situações de combate, dependendo da situação e da natureza das ameaças à segurança da Rússia", declarou o líder do Kremlin durante uma reunião com oficiais militares transmitida pela televisão.
Após o lançamento do míssil balístico hipersónico, dirigido sem carga nuclear contra a região de Dnipro, no centro da Ucrânia, Vladimir Putin afirmou, num breve discurso à nação na quinta-feira, que o ataque foi uma "resposta ao uso de armas de longo alcance americanas e britânicas" em solo russo, advertindo que "não há forma de combater" o novo armamento de Moscovo.
"Atacam alvos a uma velocidade de Mach 10, ou 2,5 a três quilómetros por segundo. Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimíssil criados pelos americanos na Europa não intercetam estes mísseis", observou.
Os serviços de informação ucranianos indicaram hoje que a Rússia deveria produzir a partir de outubro duas amostras experimentais do sistema de mísseis que designam como Kedr, sendo Orechnik apenas um nome código do projeto de investigação, segundo o líder da "secreta" de Kyiv.
Kyrylo Budanov, citado pelo jornal digital Euromaidan, explicou que se trata de "um sistema experimental" de um míssil balístico de médio alcance e porta-armas nucleares.
"O facto de o terem usado numa versão não nuclear é, como se costuma dizer, um aviso [dos russos] de que não enlouqueceram completamente", comentou.
No seu discurso de cerca de oito minutos na quinta-feira, Vladimir Putin indicou que o Exército russo vai alertar a população civil ucraniana para a utilização dos novos mísseis "por razões humanitárias" e também, insistiu, porque "hoje não existem meios para contrariar estas armas".
O líder do Kremlin confirmou os ataques ocorridos esta semana com mísseis norte-americanos de longo alcance ATACMS e mísseis britânicos Storm Shadow, dirigidos contra infraestruturas militares das regiões fronteiriças de Bryansk e Kursk, numa mudança sem precedentes, em quase três anos de conflito, das posições de Washington e Londres em relação à utilização do seu armamento pelas forças ucranianas em território russo.
Putin defendeu que o uso de armas ocidentais pelas forças ucranianas para atingir o seu país transformou a guerra na Ucrânia num "conflito global" e admitiu atacar os aliados de Kyiv envolvidos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instou a comunidade internacional a reagir, avisando para o aumento da "escala e brutalidade" do conflito, iniciado em 24 de fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia.
"O mundo deve reagir. Neste momento, não há uma reação forte", lamentou Zelensky numa mensagem nas redes sociais.
A Aliança Atlântica e a Ucrânia vão reunir-se em Bruxelas na terça-feira para discutir o ataque russo de quinta-feira, revelaram fontes diplomáticas à agência France Presse.
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