Principal entrada em Maputo cortada por manifestantes

Manifestantes cortaram hoje por completo os acessos à portagem de Maputo, principal entrada e saída da capital moçambicana, com barricadas e veículos pesados atravessados, contestando a retoma de cobrança, após semanas de suspensão devido aos protestos pós-eleitorais.

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Lusa
23/01/2025 08:50 ‧ há 5 horas por Lusa

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Moçambique

Desde cerca das 09:00 locais (menos duas horas em Lisboa) que dois camiões estão abandonados na via no sentido Maputo - Matola, com dezenas de manifestantes em protesto, enquanto no sentido contrário um autocarro articulado também foi abandonado, bloqueando totalmente a circulação, 

 

Perante um forte reforço policial, incluindo um blindado da Unidade de Intervenção Rápida, os manifestantes queimam pneus para contestar a retoma na cobrança de portagens na N4, a principal via moçambicana, que liga Maputo à fronteira da África do Sul, explorada pela concessionária sul-africana Trans African Concessions (TRAC), que anunciou que retomaria hoje o pagamento.

Face à dificuldade de circulação, incluindo transportes, centenas de pessoas percorrem a pé o caminho até ao centro da capital, sem qualquer movimento automóvel nas portagens.

A TRAC, concessionária da estrada N4 - construiu e opera a via rápida com um contrato de 30 anos com o Governo moçambicano -, anunciou na quarta-feira que reinicia hoje a cobrança de portagens naquela via, suspensa nas últimas semanas na sequência dos protestos pós-eleitorais.

A informação consta de um anúncio sob o título "Portagem de Maputo reinicia cobranças na quinta-feira", publicado pela TRAC, concessionária da via rápida que liga Tshwane, Gauteng (África do Sul) e o porto de Maputo (Moçambique), através da fronteira de Ressano Garcia.

A fronteira também chegou a ser encerrada em vários períodos, nos últimos meses, devido às manifestações pós-eleitorais.

A empresa recorda que opera a N4, considerada a melhor estrada moçambicana, "ao abrigo de um acordo de concessão assinado com as agências rodoviárias da África do Sul e de Moçambique", sendo esta via "uma parte vital do Plano de Desenvolvimento do Corredor de Maputo, impulsionando o crescimento económico regional e a conectividade", que desde logo assegura a exportação de minérios sul-africanos pelo litoral moçambicano.

O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em dezembro, durante os protestos pós-eleitorais em Moçambique, ao não pagamento de portagens no país, sendo que após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança, várias cabines foram fechadas, sem receber pagamentos, incluindo na N4.

Entretanto, num documento publicado na terça-feira com 30 medidas que exige para os próximos 100 dias, Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, voltou a apontar a não cobrança de portagens em todo o país como exigência.

"Na N4 as portagens, pelo tempo de vida que já têm, cumpriram com tempo de rentabilidade face ao investimento efetuado", refere o documento assinado por Venâncio Mondlane, exigindo a extensão do não pagamento de portagens neste período, alegando, também, que em várias vias com portagens no país "não houve consulta pública" sobre essa cobrança e "não se respeitou o princípio da via alternativa".

"Muitas das vias estão em estado desastroso o que ofende a ideia de benefício de serviços", afirmou.

As manifestações pós-eleitorais em Moçambique, convocadas por Venâncio Mondlane, provocaram desde 21 de outubro 314 mortos e mais de 600 baleados, segundo organizações no terreno, como a plataforma eleitoral Decide, além de confrontos violentos com a polícia, saques e destruição de equipamentos públicos e privados.

Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), foi declarado vencedor das eleições de 09 de outubro e tomou posse como quinto Presidente da República em 15 de janeiro.

Leia Também: Maputo. Manifestantes bloqueiam estrada no regresso das portagens à N4

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