"Precisamos de um verdadeiro Plano Marshall Europeu para África e de acordos com a Líbia, Tunísia, Marrocos, Níger e outros países do Sahel", defendeu Tajani, numa entrevista ao jornal Corriere della Sera, salientando que a Itália quer "uma ação europeia mais forte, porque os sete mil quilómetros de costa italiana são a fronteira sul da Europa".
Sobre o confronto aberto com Paris, que ameaça Roma com represálias devido à recusa italiana de permitir o desembarque de um navio humanitário pertencente à organização francesa SOS Mediterranée, o chefe da diplomacia italiana afirmou que, nesta questão dos imigrantes, a Itália levantou "um problema político", mas não pretendia "criar nenhuma controvérsia".
Tajani considerou ainda que a "desproporcional" reação francesa à rejeição italiana ao desembarque dos migrantes do navio Ocean Viking foi influenciada também por "questões políticas internas".
"Não queremos discutir com a França, não os prejudicámos e sempre fomos justos", disse, referindo, no entanto, que defende "as razões da Itália" e que "o princípio de que as ONG [Organizações Não-Governamentais] entrem em acordo para acolher os imigrantes não pode ser permitido".
O novo Governo italiano de extrema-direita, liderado por Giorgia Meloni, endureceu a política italiana com as ONG, que acusa de promoverem o fluxo de migrantes a partir de África, e emitiu um decreto que apenas permite o desembarque em Itália dos mais vulneráveis. Os restantes migrantes não podem sair dos navios e devem ser restituídos a águas internacionais.
Tajani afirmou que na segunda-feira, no Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, a Itália "vai levantar a questão da imigração com muita serenidade e determinação, porque o problema já se arrasta há anos e é absolutamente necessário resolvê-lo".
"Exigimos mais da Europa, exigimos que a Comissão Europeia faça um código de conduta para as ONG", acrescentou.
O ministro negou também que Roma esteja isolada neste assunto: "De modo algum", afirmou.
"A Alemanha e o Luxemburgo respeitarão os acordos, como nós. E a Grécia, Malta e Chipre também estão solidários, pois assinaram com a Itália uma declaração conjunta dos ministros da Administração Interna, porque têm o mesmo problema", disse, enfatizando que Manfred Weber, o presidente do Partido Popular Europeu, também concordou com a posição italiana.
O ministro dos Negócios Estrangeiros justificou ainda a necessidade de abordar a questão da migração africana "numa fase inicial".
"Em 2050 serão quase três mil milhões de africanos. O problema deve ser resolvido numa fase inicial, abordando as alterações climáticas, as doenças, a pobreza, as guerras e o terrorismo", considerou.
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