"Não aceitamos, rejeitamos as condolências dos Estados Unidos. A nossa aliança com um Estado que mantém Kobane e bolsas de terror (...) deve ser debatida", disse o ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, citado pela agência francesa AFP.
O ministro turco referia-se à cidade de Kobane, no nordeste da Síria, onde as forças curdas apoiadas pela coligação ocidental derrotaram o grupo jihadista Estado Islâmico em 2015.
A cidade é controlada pelas Forças Democráticas Sírias (SDF), que integram as Unidades de Proteção Popular (YPG), aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), dois grupos considerados terroristas pela Turquia.
Na sua mensagem de condolências, os Estados Unidos condenaram veemente o "ato de violência" em Istambul.
"Estamos ombro a ombro com o nosso aliado da NATO [Turquia] na luta contra o terrorismo", acrescentou a Casa Branca, segundo a agência norte-americana AP.
As autoridades turcas acusaram o PKK de responsabilidade pelo atentado e detiveram uma mulher suspeita de ter colocado a bomba na Avenida Istikal, no centro de Istambul, a maior cidade turca.
"A pessoa responsável [pelo atentado] é aquela que fornece informações internas ao PKK. Não há necessidade de discutir os peões", disse o ministro do Interior.
A polícia turca anunciou hoje que a mulher detida tem nacionalidade síria.
De acordo com a polícia, a suspeita admitiu os factos e que agiu "sob as ordens do PKK", tendo recebido instruções nesse sentido em Kobane.
A polícia disse que a suspeita entrou ilegalmente na Turquia via Afrin, uma cidade no nordeste da Síria.
A Turquia acusa regularmente os Estados Unidos e outros países ocidentais de protegerem os combatentes curdos do PKK e as YPG.
A Suécia e a Finlândia - embora em menor grau em relação a Helsínquia - estão entre os países ocidentais visados pelas críticas da Turquia.
Ancara ainda não aprovou a adesão dos dois estados nórdicos à NATO, precisamente por exigir o fim do apoio a militantes curdos.
O novo primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, visitou a Turquia na semana passada para tentar assegurar ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que a coligação governamental de direita que lidera vai combater as ameaças terroristas contra Ancara.
"O meu Governo foi eleito há apenas algumas semanas, com um mandato para colocar a lei e a ordem em primeiro lugar. E isto inclui a luta contra o terrorismo e organizações terroristas como o PKK na Suécia", disse Kristersson na terça-feira, durante uma conferência de imprensa conjunta com Erdogan.
A Suécia e a Finlândia abandonaram a sua política de não alinhamento militar de longa data e candidataram-se à NATO na sequência da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa de 24 de fevereiro deste ano.
Os dois países partilham fronteiras terrestres ou marítimas com a Rússia e temem vir a tornar-se um alvo de Moscovo.
A entrada da Suécia e da Finlândia na Aliança Atlântica, como de qualquer outro candidato, carece da aprovação de cada um dos atuais 30 países-membros da NATO, a que a Turquia aderiu em 1952, três anos depois da fundação da organização.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, manifestou a solidariedade da Aliança Atlântica com a Turquia, numa mensagem que divulgou pouco depois do atentado de domingo.
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