A câmara alta do Congresso, onde os republicanos têm uma estreita maioria de 53 lugares (em 100), aprovou o texto por 54 votos contra 46.
O líder democrata do Senado norte-americano, Chuck Schumer, anunciou na quinta-feira disponibilidade para dar o aval à legislação, apesar de se opor à sua substância, devido às suas preocupações com o impacto na economia de uma paralisação e com os poderes que daria ao Presidente Donald Trump e ao conselheiro deste Elon Musk, que lidera o processo de redução de despesas que envolve extinção de agências governamentais e despedimentos em massa.
Mesmo com o apoio de Schumer, a votação acabou por seguir linhas partidárias: os 54 votos a favor incluíram apenas dois democratas (os da senadora Jeanne Shaheen e do senador Angus King, este independente próximo dos democratas).
Apenas um republicano, o senador Rand Paul, se afastou da posição do partido e votou contra.
O projeto de lei segue agora para a Casa Branca para ser assinado por Trump, a poucas horas do fim do prazo para manter o financiamento dos departamentos governamentais e agências federais.
O projeto de lei provisório financia as operações do governo até ao final do ano fiscal.
Prevê uma redução do financiamento não relacionado com a Defesa em cerca de 13 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros).
Os democratas opuseram-se à medida devido aos cortes não relacionados com a Defesa, mas também porque os republicanos se recusaram a incluir expressões no projeto de lei que colocassem barreiras à capacidade de Trump e Elon Musk de continuarem a desmantelar sem controlo departamentos federais.
Os democratas estão sob intensa pressão para travarem o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) da administração Trump, que está a eliminar postos de trabalho de milhares de funcionários públicos.
A posição de Schumer dividiu os legisladores democratas e motivou fortes críticas entre aqueles no partido que querem combater a agenda de Trump.
De forma pouco habitual, a liderança democrata da Câmara emitiu uma réplica contundente a Schumer, alertando contra cedências a Trump, ao bilionário Elon Musk e à agenda republicana que avança no Congresso.
"Os democratas da Câmara não serão cúmplices", escreveram o líder democrata da câmara baixa, Hakeem Jeffries, e os líderes da bancada democrata, Katherine Clark e Pete Aguilar, numa declaração conjunta.
"Continuamos a opor-nos firmemente ao projeto de lei de despesas partidário que está a ser analisado no Senado", afirmaram.
Hoje, Schumer recebeu um apoio inesperado - do próprio Trump, que na quinta-feira se preparava para culpar os democratas por qualquer paralisação do Estado por falta de fundos.
"Parabéns a Chuck Schumer por ter feito a coisa certa - teve 'ganas' e coragem!", publicou o Presidente na sua conta nas redes sociais.
Se o Congresso não aprovasse o texto, centenas de milhares de funcionários públicos ficariam a trabalhar a tempo reduzido e sem remuneração.
O tráfego aéreo seria interrompido, tal como o pagamento de certas ajudas alimentares a famílias com baixos rendimentos, entre outras consequências.
No seu primeiro mandato, Trump enfrentou uma paralisação parcial do governo federal durante 35 dias, numa disputa com os democratas sobre o financiamento da construção do muro na fronteira com o México.
[Notícia atualizada às 23h28]
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