A nova campanha da operadora WOO, da NOS, provocou uma onda de indignação entre os guardas prisionais, que decidiram avançar com uma providência cautelar contra a empresa.
A publicidade, lançada na passada sexta-feira, replica a fuga dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus. Nas imagens vê-se um guarda prisional ao telemóvel e cinco reclusos a escalar um muro nas suas costas.
Enquanto isso, ouve-se a voz-off: "Quando não estás satisfeito com o trabalho, que estejas satisfeito com a net".
O que o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional considera ser "uma vergonha".
"Estão a fazer chacota de uma situação grave. Não tem piada. Os guardas prisionais estão ofendidos e com razão. Sempre foram considerados culpados nesta situação da fuga de Vale de Judeus e sem culpa. E agora, dois dias depois das suspeitas de corrupção [em várias cadeias portuguesas], surge esta publicidade. É lamentável e consideramos ser mesmo falta de ética. Na publicidade, como nas outras profissões, não vale tudo", salientou o presidente do sindicato, Frederico Morais, ao Notícias ao Minuto.
Por isso, decidiram, ainda na sexta-feira, avançar com "uma providência cautelar" contra a empresa e "em defesa do bom nome do Corpo da Guarda Prisional".
A mesma deverá ser entregue já hoje, segunda-feira, 14 de abril, em tribunal.
"Recebi muitas mensagens, durante o fim de semana, de colegas indignados. E eu também estou. Tinham tantas coisas para pegar e para fazer publicidade e foram pegar nisto. Os guardas prisionais já estão fragilizados e ainda têm de lidar com esta chacota. É descer mesmo baixo", realçou o responsável.
Ao Notícias ao Minuto, Frederico Morais lamentou ainda que a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais não tenha ainda reagido à publicidade.
Recorde-se que cinco reclusos fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, a 7 de setembro de 2024.
Durante meses, as autoridades investigaram os passos dos criminosos, acabando por conseguir recapturar todos.
Os processos disciplinares aos guardas foram desencadeados pela ministra da Justiça, Rita Júdice, na sequência do relatório do Serviço de Auditoria e Inspeção, que chegou às mãos da tutela a 17 de outubro – quase um mês depois da fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus.
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