O homem, de 33 anos, identificado como sendo Oscar Jenkins, originário de Melbourne, combateu pelas forças de Kiev de março a dezembro de 2024, segundo o Ministério Público da região de Lugansk, no este da Ucrânia e ocupada pela Rússia.
O australiano está acusado de ter "participado num conflito armando como mercenário" e pode enfrentar até 15 anos de prisão, de acordo com o código penal russo.
A Rússia considera sistematicamente os estrangeiros que combatem pelas tropas ucranianas como mercenários, o que é punível pela lei russa, e não como voluntários.
Um vídeo no qual se pode ver um homem apresentado como sendo Oscar Jenkins circulou nas redes sociais em dezembro, mostrando-o após a sua captura e visivelmente enfraquecido.
A sua captura suscitou preocupação junto do Governo australiano, que apelou à sua libertação.
Vários estrangeiros, sobretudo britânicos, foram julgados ou condenados pelos tribunais nos territórios ucranianos sob ocupação russa nos últimos três anos, desde o início da guerra motivada pela invasão russa da Ucrânia.
Em outubro de 2024, um tribunal russo aplicou uma pena de seis anos e 10 meses de prisão a um cidadão americano septuagenário, Stephen Hubbard, por "mercenarismo" a favor de Kiev.
A Ucrânia, por seu lado, anunciou recentemente a captura de dois cidadãos chineses acusados de combater do lado russo da guerra.
O conflito, que se prolonga desde a invasão de fevereiro de 2022, teve hoje sinais contraditórios da administração norte-americana, que tem tentado mediar um acordo de cessar-fogo, com o vice-presidente americano, J.D. Vance, a mostrar-se otimista em relação a esse desfecho, mas com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a ameaçar abandonar as negociações se não houver progressos em direção à paz.
As declarações dos dirigentes norte-americanos surgem no mesmo dia em que o Kremlin anunciou que dava por encerrada a moratória de ataques a infraestruturas energéticas, revelada em março e minada desde então por acusações mútuas de Kiev e Moscovo de violações ao acordo.
No seguimento de vários dias de fortes bombardeamentos russos na Ucrânia, pelo menos duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos ataques noturnos contra as cidades de Kharkiv e Sumy, no nordeste do país, segundo as autoridades ucranianas.
Antes do anúncio da trégua limitada às instalações energéticas, o Presidente norte-americano, Donald Trump, tinha inicialmente proposto um cessar-fogo incondicional e completo, cujo princípio foi aceite por Kiev sob pressão de Washington, mas rejeitado pelo líder russo, Vladimir Putin.
Representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e europeus concordaram em voltar a reunir-se na próxima semana em Londres, após um primeiro encontro que se realizou na quinta-feira em Paris.
Estas rondas diplomáticas acontecem numa fase em que Washington e Kiev se aproximam de um entendimento que concederá aos Estados Unidos acesso a vastos recursos minerais da Ucrânia e que poderá ser assinado já na próxima semana.
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