O contingente de cerca de 300 militares britânicos, destacados em 2020, deixará o país do Sahel apesar do aumento da atividade de grupos terroristas.
"O contingente britânico deixará a missão de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas [Minusma] mais cedo do que o previsto", disse o secretário de Estado das Forças Armadas, James Heappey, no Parlamento britânico.
O secretário de Estado responsabilizou diretamente as autoridades de Bamako, após "dois golpes de Estado em três anos terem minado os esforços internacionais para alcançar a paz".
Apesar de se ter encontrado com o ministro da Defesa do Mali em novembro para lhe pedir que considerasse a presença de tropas multinacionais, o Governo do Mali recorreu aos serviços do grupo mercenário russo Wagner Group, a quem o secretário de Estado das Forças Armadas chamou de "um bando de bandidos assassinos e violadores dos direitos humanos".
Para Heappey, esta aliança é "contraproducente para a estabilidade e segurança duradouras na região".
"Deixámos a Minusma antes do previsto e, claro, entristece-nos a forma como o Governo de Bamako tornou tão difícil para as nações bem-intencionadas permanecerem aqui", acrescentou.
O governante britânico disse que o contingente coordenaria com os seus aliados a retirada de Gao, cujos planos já tinham começado a ser elaborados "ao longo dos últimos meses".
Heappey recordou, ainda, que o Presidente francês, Emmanuel Macron, também já tinha declarado a retirada das tropas francesas pelos mesmos motivos apontados agora pelo Reino Unido.
A França anunciou no início deste ano que estava a retirar a sua própria força do Mali, após as relações se terem deteriorado com a junta militar que tomou o poder em 2020.
O exército francês deixou o Mali em agosto, após nove anos no país, empurrado pela junta no poder, que está agora a trabalhar - embora o negue - com o grupo paramilitar russo Wagner e tinha no seu pico 5.500 tropas no país para combater os militantes islâmicos.
Paris teve de lidar desde então com uma opinião pública africana cada vez mais hostil, na qual a influência de poderes rivais, liderados por Moscovo, está a crescer através de redes sociais e meios de comunicação oficiais.
O Mali tem estado em tumulto desde uma revolta em 2012, quando soldados rebeldes derrubaram o Presidente. O vácuo de poder que resultou acabou por conduzir a uma insurreição rebelde e a uma guerra liderada pelos franceses que expulsou os terroristas do poder em 2013.
Os insurgentes continuam ativos no Mali e grupos extremistas filiados à Al-Qaida e ao grupo rebelde Estado islâmico passaram do norte árido para o centro do Mali, mais populoso desde 2015, alimentando a animosidade e a violência entre grupos étnicos da região.
Heappey disse, contudo, que a Grã-Bretanha continuava empenhada no Mali e em toda a região do Sahel, e que se encontraria com colegas de toda a Europa e da África Ocidental no Gana na próxima semana "para coordenar a resposta renovada à instabilidade no Sahel".
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