O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou, esta quarta-feira, que os países ocidentais tiveram uma “reação histérica” ao apontar o dedo à Rússia após o incidente com fragmentos de um míssil que atingiram a Polónia e vitimaram duas pessoas, na terça-feira, rejeitando que a Federação Russa seja responsável.
Peskov apontou que o acidente se deveu ao lançamento de um sistema de defesa área S-300, mostrando que “nunca se devem precipitar declarações que possam agravar a situação”, segundo diz a agência TASS.
O aliado do presidente russo, Vladimir Putin, considerou ainda que os países ocidentais tiveram uma “reação histérica, frenética e russofóbica, baseada em nenhum facto”, complementando que os polacos “puderam constatar imediatamente que os fragmentos de míssil que caíram no seu território não tinham a ver com a Federação Russa”.
Peskov disse também não saber se algum canal de comunicação especial foi estabelecido com a NATO ou com os Estados Unidos, salientando que a resposta dos norte-americanos foi “contida”, quando comparada com a de outros países.
Recorde-se que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia confirmou, na noite de terça-feira, que um "projétil de fabrico russo" atingiu o território deste país da NATO junto à fronteira com a Ucrânia, causando dois mortos.
Nessa linha, a NATO concordou, esta quarta-feira, apoiar a investigação lançada pela Polónia.
Por sua vez, o presidente norte-americano, Joe Biden, considerou ser improvável que o míssil que atingiu aquele território da NATO tenha sido disparado a partir da Rússia, uma vez que “há informações preliminares que contestam isso".
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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