Agência de Energia Atómica pede à Rússia que saia de central nuclear
O Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) aprovou hoje uma resolução a apelar à Rússia para que se retire da central nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia.
© Getty Images
Mundo Ucrânia
No mesmo documento é pedido à Rússia que suspenda as suas ações contra locais nucleares, afirmaram fontes diplomáticas.
O texto, apresentado pelo Canadá e pela Finlândia, foi aprovado por 24 dos 35 Estados do organismo, adiantaram dois diplomatas contactados pela AFP.
A Rússia e a China votaram contra e sete países abstiveram-se (Paquistão, Índia, África do Sul, Namíbia, Quénia, Vietname e Arábia Saudita). Dois estiveram ausentes.
Duas resoluções sobre o assunto já tinham sido adotadas, em março e depois em setembro, numa altura em que os incessantes bombardeamentos na Ucrânia levantavam receios de um acidente nuclear.
Na mais recente resolução, o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica "manifesta a sua profunda preocupação" com a recusa da Rússia em pôr fim aos ataques às instalações nucleares ucranianas.
No documento, apela-se à Rússia para "deixar cair as suas reivindicações sem fundamento sobre a fábrica de Zaporijia, a retirar imediatamente as suas tropas e pessoal e a cessar todas as ações" contra as centrais nucleares do país.
A central de Zaporijia, a maior da Europa, é particularmente preocupante. Ocupada desde o início de março pelas tropas russas, está situada num dos territórios anexados pela Rússia.
Não muito longe da linha de demarcação entre os territórios controlados por Kiev e os ocupados por Moscovo, é alvo de bombardeamentos regulares, pelos quais ambas as partes do conflito se acusam mutuamente.
Os apelos à desmilitarização multiplicaram-se, sem sucesso até agora.
Os inspetores da AIEA estão presentes no local desde o início de setembro e o diretor geral do organismo da ONU, Rafael Grossi, tem vindo a conduzir negociações há várias semanas com vista à criação de uma zona de proteção à volta do local.
As discussões, que descreveu como "muito complicadas", visam alcançar um objetivo "muito simples": "não disparar contra a central, não disparar da central", acentuou Grossi na quarta-feira, primeiro dia da reunião trimestral do Conselho de Governadores, pedindo que se atue "o mais rapidamente possível".
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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