AIEA não deteta riscos de segurança em Zaporíjia após bombardeamentos

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) considera que, apesar dos fortes bombardeamentos sofridos no fim de semana pela central nuclear ucraniana de Zaporíjia, não existem "preocupações imediatas de segurança".

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Lusa
21/11/2022 20:52 ‧ 21/11/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"O estado das seis unidades do reator é estável, e foi confirmada a integridade do combustível usado, do combustível fresco e dos resíduos radioativos de baixa, média e alta atividades nos respetivos armazéns", indicou hoje a agência nuclear da ONU num comunicado.

Os quatro especialistas internacionais que se encontram na maior central nuclear da Europa -- sob ocupação russa -- receberam primeiro informação da direção e depois realizaram uma inspeção para ver em primeira mão os danos causados pelos bombardeamentos de sábado e domingo.

Os inspetores puderam, assim, observar o enorme grau de destruição que as bombas causaram no complexo industrial da central ucraniana.

"Isto é um grande motivo de preocupação, já que demonstra claramente a grande intensidade dos ataques a uma das maiores centrais nucleares do mundo", declarou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, recordando a necessidade de criar um perímetro de segurança em redor do complexo.

A equipa da AIEA indicou que não ocorreram mais ataques à central durante a última noite, nem hoje, até agora, embora tenha havido bombardeamentos na zona da cidade vizinha, Enerhodar, e na respetiva área industrial.

A agência especializada das Nações Unidas considera que os bombardeamentos dos últimos dias foram os mais fortes em meses, sem atribuir responsabilidades a nenhuma das partes no conflito.

Os especialistas da ONU constataram danos em tanques de armazenamento, que causaram "fugas não-radioativas", em vários troços destruídos na estrada principal que rodeia os reatores da central, numa via-férrea e numa conduta de ar pressurizado, e verificaram que duas bombas atingiram o telhado de um edifício auxiliar, entre outros danos.

Grossi anda há meses a apelar de modo infrutífero a Moscovo e Kiev para definirem o mais rapidamente possível um perímetro de segurança nuclear em torno do complexo da central.

A central nuclear de Zaporíjia está atualmente sob o controlo das tropas russas, mas as suas imediações sofreram ataques desde o início da invasão russa da Ucrânia, no final de fevereiro, dos quais ucranianos e russos se acusam mutuamente.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 271.º dia, 6.595 civis mortos e 10.189 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Ataques a central nuclear de Zaporíjia foram "deliberados"

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