Testemunhas são chave para condenação da empresa de Trump por fraude

Os procuradores do julgamento por fraude fiscal da Trump Organization acreditam na condenação da empresa do ex-presidente dos EUA Donald Trump, em grande parte pelos testemunhos de dois altos executivos, que chegaram a um acordo para confessar os delitos.

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© Brandon Bell/Getty Images

Lusa
22/11/2022 06:31 ‧ 22/11/2022 por Lusa

Mundo

Donald Trump

Estes dois altos executivos da Trump Organization fecharam acordos, antes de testemunharem que utilizaram um esquema para evitar pagar impostos sobre bónus pagos pela empresa.

Allen Weisselberg, chefe financeiro de longa data da empresa, e Jeffrey McConney, vice-presidente sénior, testemunharam durante a maior parte do caso apresentado durante oito dias pelos procuradores.

Estas testemunhas desvendaram as suas próprias irregularidades, num caso que envolve uma grande quantidade de números, folhas de cálculo, declarações de impostos e folhas de pagamento, noticiou hoje a agência Associated Press (AP).

Weisselberg, que se declarou culpado em agosto de escapar a impostos sobre 1,7 milhões de dólares (cerca de 1,6 milhões de euros) em bónus, foi obrigado a depor como testemunha de acusação como parte de um acordo judicial em troca de uma sentença de cinco meses de prisão.

Já McConney recebeu imunidade para testemunhar.

Os advogados da Trump Organization devem começar a convocar testemunhas hoje, sendo esperado um contabilista que lidou com anos de declarações fiscais e outras questões financeiras de Trump, a Trump Organization e de centenas de entidades de Trump.

Os procuradores consideraram chamar o contabilista, sócio da Mazars USA LLP, Donald Bender, mas decidiram não fazê-lo. Por sua vez, a defesa indicou que iria chamá-lo.

No entanto, a acusação convocou três outras testemunhas: o supervisor de contas a pagar da Trump Organization, um contabilista forense do gabinete do procurador distrital de Manhattan e um auditor tributário estadual, que investigou os impostos de Weisselberg.

Weisselberg, atualmente consultor sénior da empresa, testemunhou na semana passada que conspirou com McConney, seu subordinado, para esconder mais de uma década de bónus do seu património tributável, salientando que nem Trump nem a família estiveram envolvidos.

McConney testemunhou que Weisselberg e outro executivo, Michael Calamari, apoiaram-se nele ao longo dos anos para falsificar registos da folha de pagamento para esconder 'extras' como apartamentos em Manhattan e carros Mercedes-Benz do seu património tributável.

Os procuradores de Manhattan alegam que a Trump Organization ajudou os principais executivos a evitar o pagamento de impostos sobre regalias pagas pela empresa e que é responsável pelo delito de Weisselberg, porque este era um "agente de alto escalão" que agia em seu nome.

O caso de fraude fiscal é o único julgamento que surgiu da investigação de três anos do procurador distrital de Manhattan sobre Trump e as suas práticas comerciais.

Caso seja condenada, a empresa pode ser multada em mais de 1 milhão de dólares (cerca 980 mil euros) e enfrentar dificuldades para fazer negócios.

Donald Trump culpou Bender e Mazars pelos problemas que a sua empresa enfrenta: "A empresa de contabilidade altamente paga deveria ter despistado isto rotineiramente -- nós confiamos neles. Muito injusto", destacou o magnata Republicano na sua rede social Truth Social.

A Mazars cortou relações com Trump em fevereiro e disse que as demonstrações financeiras anuais preparadas para o ex-presidente "não deveriam mais ser confiáveis", depois da procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, ter afirmado que a empresa distorcia regularmente o valor dos ativos.

James instaurou um processo em setembro a acusar Trump e a sua empresa de aumentar o seu património líquido em biliões de dólares e de enganar bancos e outros sobre o valor de ativos como campos de golfe, hotéis e sua propriedade em Mar-a-Lago, Florida.

As demonstrações financeiras de Trump não fazem parte do processo criminal.

Leia Também: Nomeação de procurador para investigar Trump é de "interesse público"

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