Moçambique. Detidos por "indícios de apoio ao terrorismo" pedem liberdade

A defesa dos dois cidadãos sul-africanos detidos há três semanas em Moçambique por alegados "indícios de apoio ao terrorismo" requereu ao juiz de instrução a liberdade provisória dos visados, disse hoje à Lusa o advogado.

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Lusa
25/11/2022 17:36 ‧ 25/11/2022 por Lusa

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"Requeremos a liberdade provisória dos meus dois constituintes, após a legalização da prisão pelo juiz de instrução", declarou Abílio Macuácua, que já na quarta-feira refutou as acusações: "estão a pagar o preço da filantropia".

Macuácua avançou que, legalmente, estão preenchidos os requisitos para que aguardem o processo em liberdade.

"No contexto em que tudo está a acontecer, nomeadamente a fragilidade das provas e a total disponibilidade para colaborar com a justiça, não é complicado conceder a liberdade provisória", defendeu.

O advogado manifestou preocupação com o estado de saúde de um dos detidos, com 71 anos, porque sofre de diabetes e hipertensão.

"Ainda não teve nenhuma crise desde que está na prisão e tem sido visto pelo pessoal do posto de saúde [interno], mas estamos preocupados, porque tem uma condição que exige cuidados especiais nem sempre possíveis nas prisões moçambicanas", avançou.

 Os dois sul-africanos e um piloto norte-americano estão encarcerados na cadeia de máxima segurança da província de Maputo, depois de terem sido detidos há três semanas na província de Inhambane por alegados "indícios de apoio ao terrorismo" na província de Cabo Delgado, norte do país.

Os três pretendiam transportar bens alimentícios e pesticida numa aeronave destinados a um orfanato da Igreja Águas Vivas, no distrito de Balama, em Cabo Delgado.

"Eles tinham que ser muito ingénuos para fazer passar bens destinados a terroristas pelo 'scan' [inspeção eletrónica] do aeródromo", ironizou Macuácua.

A Lusa contactou a polícia moçambicana sobre o caso, mas a corporação ainda não se pronunciou.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Leia Também: Perto de três mil pessoas fugiram no distrito de Muidumbe em Moçambique

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