O chefe da diplomacia ucraniana questionou, em entrevista à estação CNN, quem para além da Rússia beneficiaria com este tipo de ações.
Dmytro Kuleba salientou ainda que ,ou a Rússia é "diretamente responsável" por estes ataques, ou o responsável "simpatiza com a causa russa e tenta espalhar o medo".
"Tudo começou com uma explosão na embaixada ucraniana na Espanha (em Madrid)", lembrou o chanceler ucraniano, analisando que "o que se seguiu a essa explosão foi mais estranho ou até doente".
Kuleba tinha destacado anteriormente que há razões para acreditar que há "uma campanha bem planeada de terror e intimidação contra embaixadas e consulados ucranianos".
"Incapaz de parar a Ucrânia na frente diplomática, eles [Moscovo] estão tentar intimidar-nos", realçou.
O Governo ucraniano indicou que estes tipo de pacotes chegaram às embaixadas do país na Hungria, Países Baixos, Polónia, Croácia e Itália, embora encomendas suspeitas também tenham sido registadas nos consulados do país na Polónia, Chéquia e Itália.
Na quarta-feira um homem ficou ferido sem gravidade na embaixada da Ucrânia em Madrid devido à explosão de um artefacto que estava dentro de um envelope. Desde então, já foi revelada pelas autoridades espanholas a existência de mais cinco cartas com explosivos, a última das quais na embaixada do Estados Unidos em solo espanhol.
As autoridades portuguesas reforçaram a proteção da embaixada da Ucrânia em Lisboa e admitem reapreciar o nível de ameaça em Portugal, após cartas armadilhadas terem sido recebidas por entidades em Espanha, anunciou esta sexta-feira o Sistema de Segurança Interna (SSI).
Em resposta a um pedido de esclarecimento da Lusa, na sequência da notícia da receção de pelo menos seis cartas armadilhadas em Espanha, o SSI confirmou que a Unidade de Coordenação Antiterrorismo (UCAT), que funciona no quadro do Sistema de Segurança Interna, "está a acompanhar atentamente a situação" e que se encontra em "estreita articulação com os seus parceiros espanhóis, europeus e internacionais".
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, revelou esta sexta-feira à Lusa que foram dadas indicações às embaixadas portuguesas para reforçarem cuidados na receção de correio, assinalando que as missões diplomáticas nacionais "estão atentas".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 282.º dia, 6.655 civis mortos e 10.368 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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