Pelo menos 47 países, 22 organizações internacionais e diferentes organizações europeias e internacionais vão marcar presença na capital francesa para coordenar a ajuda à Ucrânia, numa altura em que a Rússia visa alvos estratégicos como as interligações energéticas, cortando assim o aquecimento a milhões de ucranianos em pleno inverno.
Na parte da manhã, os chefes de Estado e representantes dos diversos países, incluindo o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, vão reunir-se na conferência "Solidários com o Povo Ucraniano", onde vão discutir as necessidades concretas de Kiev, nomeadamente a energia, mas também cuidados médicos, agricultura ou água, coordenando esforços para os próximos meses.
Este encontro será aberto com declarações públicas de Emmanuel Macron, do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, da primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
Na parte da tarde, a Ucrânia continua no topo das prioridades com um novo encontro intitulado "Conferência Franco-Ucraniana para a Resiliência e a Reconstrução", organizada pelo Presidente e por Bruno Le Maire, o ministro francês das Finanças e da Economia.
Também Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky vão abrir este segundo encontro, seguindo-se depois uma série de discussões sobre como as empresas francesas podem ajudar a Ucrânia especialmente nos setores do ambiente e do digital.
Cerca de 500 empresas francesas vão estar presentes neste encontro, com o Estado francês a querer acompanhar as suas empresas nas exportações para a Ucrânia, assim que termine a guerra, concedendo até 1,2 mil milhões de euros de crédito para ajudar neste propósito.
Quanto ao facto de ser ainda cedo para falar de reconstrução já que a guerra continua, fonte oficial do Eliseu esclarece que estas conferências "foram pedidas por Kiev em julho" e que "a reconstrução deve já ser retomada nas zonas que foram libertadas do domínio russo".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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