Numa resolução hoje aprovada - 507 votos a favor, 12 contra e 17 abstenções -, os eurodeputados "condenam veementemente estes atos, que resultaram na morte de milhões de ucranianos".
No mesmo texto, os eurodeputados apelam a todos os países e organizações que ainda não o fizeram para reconhecerem o Holodomor como genocídio.
O flagelo histórico cometido pelo regime estalinista na Ucrânia soviética, também designado como A Grande Fome ou A Fome-Terror, fez, entre 1932 e 1933, cerca de 3,5 milhões de vítimas ucranianas - aliás Holodomor significa em ucraniano isso mesmo: exterminação pela fome.
Na resolução, o PE diz que "a lavagem" e "a glorificação do regime soviético totalitário", bem como "o ressurgimento do culto do ditador Estaline", contribuíram para a Rússia ser hoje um "Estado patrocinador do terrorismo".
Os eurodeputados condenam também os "crimes horrendos" cometidos, de novo, contra o povo ucraniano, incluindo a destruição seletiva das infraestruturas energéticas civis da Ucrânia durante o inverno, no âmbito da ofensiva militar russa em curso no território ucraniano.
A resolução acusa ainda o atual regime russo de violar a soberania e integridade territorial da Ucrânia, "procurando aniquilar a Ucrânia enquanto Estado-nação e destruir a identidade e a cultura do seu povo".
A resolução condena igualmente o facto de a guerra em curso ter criado uma crise alimentar mundial, com "a Rússia a destruir e pilhar os armazéns de cereais da Ucrânia e a continuar a dificultar a exportação de cereais ucranianos para os países mais carenciados".
De acordo com o Museu Holodomor, situado em Kyiv, até meados de novembro, pouco mais de 15 Estados, além da Ucrânia, tinham reconhecido oficialmente a grande fome como um genocídio, sendo que Portugal consta dessa lista.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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