Lula da Silva tomará posse pela terceira vez como Presidente do Brasil a 01 de janeiro de 2023 e entrará no palácio da Alvorada, com a consciência de que conhece bem os seus meandros, mas também ciente de que neste mandato a governação será bem mais difícil.
Lula da Silva foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2011.
Preso e condenado por corrupção, decisões posteriormente anuladas por erros e irregularidades processuais, Lula da Silva elegeu o combate à pobreza e a educação como as suas prioridades num contexto complexo.
O futuro Presidente ganhou a segunda volta das eleições, a 30 de outubro, por uma margem estreita de 50,9% dos votos, contra Jair Bolsonaro, o Presidente cessante, apoiado pela extrema-direita.
O Brasil atravessa um período difícil em termos políticos, económicos e sociais, e os brasileiros estão divididos no plano ideológico.
O número de pessoas a viver na pobreza atingiu os 62,5 milhões em 2021 (29,4% da população), o maior nível em dez anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, Lula da Silva terá de lidar com governadores de importantes estados brasileiros e uma bancada forte no Senado e na Câmara de Deputados do partido do seu adversário, Jair Bolsonaro.
O novo chefe de Estado, que liderou uma frente ampla, muito além dos partidos de esquerda, terá como vice-presidente Geraldo Alckmin, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), um anterior opositor nas eleições presidenciais de 2006.
Agora com 77 anos, Lula da Silva nasceu numa zona pobre de Pernambuco, na região nordeste, de onde emigrou, aos sete anos, com seis irmãos e a mãe, para o estado de São Paulo. Começou a trabalhar aos 12 anos.
Candidato seis vezes à presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto político mais importante do país.
A sua entrada no movimento sindical, que o catapultou para o mundo da política, aconteceu em 1969, quando concorreu ao primeiro cargo no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo.
Foi eleito presidente da mesma entidade em 1975, onde se tornou conhecido dos brasileiros ao liderar as primeiras greves de trabalhadores contra o regime militar (1964-1985), tendo chegado a ser preso.
Em fevereiro de 1980, Lula da Silva ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) e dois anos depois, fez a sua estreia na vida política, ao disputar a sua primeira eleição, então para o governo de São Paulo, ficando em quarto lugar.
Em 1986, foi eleito para a Assembleia Constituinte como o deputado federal mais votado do país, pelo Estado de São Paulo.
Lula da Silva candidatou-se pela primeira vez a Presidente em 1989, mas só em 2002 conquistou o cargo, com o lema "paz e amor", levando o Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder.
Em 2011, quando abandonou a presidência, tinha 87% de aprovação popular.
Em 2017, no âmbito da Operação Lava Jato, uma investigação judicial sobre desvios de fundos na empresa Petrobras e outros órgãos públicos do país, o líder progressista foi acusado de corrupção, de que resultaram duas condenações que o levaram à prisão em 2018.
Ao todo, Lula da Silva cumpriu 580 dias de prisão.
Só em 2021, contudo, viu restabelecida a liberdade plena e o gozo de todos os direitos políticos por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o que lhe permitiu candidatar-se de novo à presidência.
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