"Voltaram a lançar o terror sobre o nosso povo: o povo inocente do sul de Kaduna. Eles atacaram [a cidade de] Kaura no domingo à noite e mataram 38 pessoas inocentes", disse hoje Luka Binniyat, porta-voz do Sindicato do Povo Kaduna do Sul (Sokapu), à EFE, por telefone.
De acordo com Binniyat, os atacantes cercaram as aldeias de Malagun e Abun enquanto "disparavam contra qualquer pessoa à vista".
"Enquanto muitos foram mortos, outros foram queimados vivos. Também queimaram mais de uma centena de casas. É muito triste", lamentou o porta-voz, sublinhando que muitas pessoas continuam desaparecidas e que os feridos estão a receber tratamento no hospital.
"Trata-se de uma situação grave. O nosso povo está indefeso e constantemente perseguido por estas pessoas [os atacantes]. O seu sustento está a ser destruído", acrescentou.
Alhamid Khaled, um vizinho de Abun, também confirmou os acontecimentos e os 38 mortos à EFE.
"Muitas pessoas estavam desaparecidas no início e nós procurámos na floresta para ver se havia mais corpos, mas não encontrámos nenhum. Algumas das pessoas desaparecidas foram encontradas em aldeias próximas e estão demasiado assustadas para regressar", disse Khaled.
Os estados centrais e noroeste da Nigéria sofrem ataques frequentes de "bandidos", o termo utilizado localmente para bandos criminosos que cometem assaltos em massa, agressões e raptos para obterem resgates lucrativos.
A violência continua apesar das repetidas promessas do Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, de acabar com o problema e o destacamento de forças de segurança adicionais para a área.
Em meados de novembro, bandidos raptaram quase uma centena de pessoas em várias cidades do estado de Zamfara, incluindo Kanwa e Maradun, bem como em aldeias mais pequenas.
Esta insegurança tem sido agravada desde 2009 pelo grupo terrorista Boko Haram no nordeste e, desde 2016, devido à sua cisão, pelo grupo extremista Estado islâmico na província da África Ocidental (ISWAP).
Ambos os grupos já mataram mais de 35.000 pessoas e causaram cerca de 2,7 milhões de deslocados internos, na sua maioria na Nigéria, mas também em países vizinhos como os Camarões, Chade e Níger, de acordo com dados do Governo e da Organização das Nações Unidas.
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