"Fui libertado após a minha comparência perante o procurador Especial do Tribunal de Repressão de Ofensas Económicas e Terrorismo", disse Virgile Ahouansè, jornalista beninense, em contacto telefónico com a agência France-Presse.
O jornalista foi convocado na terça-feira pela brigada criminal de Cotonou, antes de ser interrogado durante quatro horas e depois colocado sob custódia. A convocação seguiu-se à publicação de uma investigação radiofónica sobre alegadas execuções extrajudiciais pela polícia no final de novembro, num bairro de Porto Novo, a capital administrativa.
Acusado de "ter publicado informações falsas nas redes sociais e na imprensa", o seu julgamento foi marcado para 13 de fevereiro de 2023, segundo fontes judiciais.
Na altura da detenção, um oficial da polícia afirmou: "Ele assustou a população. A polícia está a desempenhar a sua missão que é ouvir o que tem a dizer".
Virgile Ahouansè é um jornalista conhecido no Benim, onde foi designadamente editor-chefe da estação de rádio Soleil FM pertencente ao opositor no exílio Sébastien Ajavon, antes do encerramento pelas autoridades beninenses em 2019.
O jornalista é reconhecido pelas posições críticas perante o executivo, numa altura em que a imprensa da oposição está reduzida ao mínimo no país.
O Presidente, Patrice Talon, eleito em 2016 e reeleito em 2021, é regularmente acusado de ter feito uma mudança autoritária em nome do desenvolvimento do país, outrora aclamado pelo dinamismo da sua democracia. Os seus principais opositores residem atualmente no estrangeiro, alvo de processos judiciais no Benim.
Vários jornalistas foram presos e um jornalista estrangeiro foi expulso nos últimos anos no Benim, onde a liberdade de imprensa "diminuiu drasticamente", segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
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