Após impasse de 6h, autoridades cancelam detenção de Yoon. O que se sabe?

O Gabinete de Investigação da Corrupção (CIO, na sigla em inglês) tem até 6 de janeiro para executar o mandado de detenção, num caso sem precedentes contra um presidente sul-coreano.

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© REUTERS/Kim Hong-Ji

Notícias ao Minuto com Lusa
03/01/2025 08:30 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Coreia do Sul

Ao fim de um impasse de cerca de seis horas, as autoridades da Coreia do Sul cancelaram uma operação para deter e interrogar o presidente deposto Yoon Suk-yeol, por volta das 13h30 locais (4h30 em Lisboa), depois de terem visto o seu acesso à residência do chefe de Estado bloqueado pela segurança presidencial. Ainda assim, o Gabinete de Investigação da Corrupção (CIO, na sigla em inglês) tem até 6 de janeiro para executar o mandado de detenção, num caso sem precedentes contra um presidente sul-coreano.

 

"Quanto à execução do mandado de detenção hoje, face ao persistente impasse, determinámos que era virtualmente impossível executar o mandado e estávamos preocupados com a segurança das pessoas no terreno devido à obstrução à sua execução", disse o porta-voz do CIO, citado pela agência de notícias Yonhap.

O responsável explicou que vão ser agora ponderadas outras medidas e acrescentou lamentar "profundamente a atitude do suspeito, que não respeitou os procedimentos legais".

Depois de passar por um primeiro controlo militar no perímetro do complexo, pelas 7h00 (22h00 de quinta-feira em Lisboa), a equipa de agentes do CIO e polícias confrontaram-se com o serviço de segurança presidencial, que se recusou a aceitar como válidos os mandados de detenção temporária e de busca, que foram obtidos na terça-feira.

Os cerca de 1.200 apoiantes do presidente deposto, que estavam reunidos perto da residência, situada na área de Hannam, em Seul, festejaram a notícia. No local estava ainda um numeroso contingente policial, incluindo 2.700 agentes, para evitar distúrbios.

Se conseguirem deter Yoon Suk-yeol, a equipa composta por CIO, polícia e Ministério da Defesa Nacional tem 48 horas para interrogar o dirigente e solicitar uma ordem para prolongar a detenção, caso seja considerado necessário.

Já na quarta-feira, o diretor do CIO, Oh Dong-woon, garantiu que o mandado seria executado "dentro do prazo".

"Consideramos que ações como a montagem de barricadas e encerramento dos portões de ferro [da residência de Yoon] para resistir à execução do nosso mandado de detenção constituem uma obstrução às funções oficiais", prosseguiu o responsável, acrescentando que qualquer pessoa que se opusesse à detenção de Yoon poderia "ser processada".

Ainda assim, os advogados de Yoon solicitaram uma ordem judicial para anular a ação, alegando que só o Ministério Público a pode requerer. Insistiram, até, que o procedimento "é ilegal", depois de saberem que as autoridades se encontravam no interior do complexo presidencial.

Yoon, que está proibido de sair do país, foi destituído pelo parlamento sul-coreano a 14 de dezembro, após ter declarado lei marcial. É a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente em exercício é alvo de uma ação judicial do género. O responsável, que continua a ser oficialmente o presidente, enquanto aguarda a decisão do Tribunal Constitucional sobre a sua destituição, está suspenso do cargo. Espera-se que a justiça confirme ou rejeite a destituição até meados de junho.

O antigo procurador, de 64 anos, não respondeu por três vezes às convocatórias para ser interrogado sobre a tentativa de golpe de Estado, o que levou a justiça sul-coreana a emitir um mandado de detenção.

Recorde-se que o presidente surpreendeu o país ao declarar a lei marcial e enviar o exército para o parlamento, na noite de 3 de dezembro. Contudo, Yoon foi forçado a recuar horas mais tarde, face à pressão dos deputados e de milhares de manifestantes.

Desde a tentativa de impor a lei marcial, Yoon não demonstrou qualquer arrependimento e a sua recusa sistemática em submeter-se às perguntas dos investigadores levantou receios de que uma tentativa de detenção pudesse terminar em violência, agravando a já difícil situação do caso.

Leia Também: Detenção de Yoon Suk-yeol foi cancelada por obstrução da segurança

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