Estudante detido nos EUA não pode ser deportado até ordem do tribunal

Uma juíza federal ordenou hoje aos funcionários dos serviços de imigração que não deportassem um estudante de Georgetown detido pelo Governo até que o tribunal tivesse oportunidade de se pronunciar.

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Lusa
20/03/2025 23:53 ‧ ontem por Lusa

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A juíza distrital Patricia Tolliver Giles, de Alexandria, na Virgínia, ordenou que Badar Khan Suri "não seja expulso dos Estados Unidos, a menos e "até que o Tribunal emita uma ordem contrária".

 

Suri, um estudante de pós-doutoramento na Universidade de Georgetown e cidadão da Índia, foi detido na segunda-feira à noite à porta da sua casa na Virgínia por agentes que se identificaram como agentes do Departamento de Segurança Interna e lhe disseram que o seu visto tinha sido revogado, de acordo com um processo judicial apresentado pelo advogado de Suri.

Hassan Ahmad, o advogado de Suri, escreveu num processo judicial que o seu cliente foi visado devido à "identidade da sua mulher como palestiniana e ao seu discurso constitucionalmente protegido".

Suri e a sua mulher, Mapheze Saleh, "há muito que são alvo de 'doxxing' e de difamação", afirma o processo judicial.

'Doxxing' é definido como uma prática virtual de pesquisar e de transmitir dados privados sobre um indivíduo ou de uma organização.

"A administração Trump expressou abertamente sua intenção de usar a lei de imigração como arma para punir os não-cidadãos cujas opiniões são consideradas críticas à política dos EUA no que se refere a Israel", escreveu Hassan Ahmad.

Suri foi acusado de "espalhar propaganda do Hamas e promover o antissemitismo nas redes sociais" e foi considerado deportável pelo gabinete do Secretário de Estado, disse a Secretária Adjunta da Segurança Interna, Tricia McLaughlin, na quarta-feira no X.

Os críticos do visado publicaram a fotografia de Saleh na Internet, juntamente com informações que incluem o seu antigo emprego na Al Jazeera e o seu local de nascimento na Cidade de Gaza "como apoio às suas alegadas ligações ao Hamas".

Nader Hashemi, professor de Médio Oriente e política islâmica em Georgetown, disse à agência de notícias Associated Press que Suri estava intensamente concentrado na sua investigação e ensino. Sentia uma forte solidariedade e simpatia pelos palestinianos, mas não era externamente político no campus.

"Organizámos dezenas de eventos desde 7 de Oc. Organizámos dezenas de eventos desde 7 de outubro, quando começou a guerra entre Israel e Gaza, e não me lembro de o ter visto em nenhum deles", disse Hashemi, que dirige o Centro Alwaleed para a Compreensão Muçulmano-cristã, onde Suri é bolseiro de pós-doutoramento. "Ele não era assim".

Antes da sua detenção, Suri e a sua mulher tinham sido alvos de grupos de direita no campus, em parte porque o pai de Saleh é Ahmed Yousef, um antigo conselheiro do Hamas, disse Hashemi.

Este incidente ocorre também num momento em que Donald Trump leva a cabo uma série de ataques direcionados à comunidade científica, desde cortes brutais no orçamento até censura de certos assuntos em investigações subsidiadas.  

A este caso soma-se o de um cientista francês, Philippe Baptiste, que teve a sua entrada negada nos Estados Unidos após as autoridades norte-americanas terem encontrado trocas de mensagens no seu telemóvel que expunham uma visão crítica ao Governo de Donald Trump, confirmou Paris na quarta-feira.

Junta-se também o caso de uma médica e professora universitária recentemente deportada dos Estados Unidos para o Líbano, que foi detida após as autoridades de imigração terem encontrado "fotos e vídeos favoráveis" aos líderes do grupo xiita libanês Hezbollah no seu telemóvel, o que justificou a expulsão do país.  

Também Mahmoud Khalil, um estudante da Universidade de Columbia que liderou protestos contra a guerra na Faixa de Gaza, teve a sua autorização de residência permanente nos Estados Unidos revogada e o processo de deportação iniciado.

Leia Também: Trump planeia assinar acordo de minerais com Kyiv "muito rapidamente"

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