A juíza distrital Patricia Tolliver Giles, de Alexandria, na Virgínia, ordenou que Badar Khan Suri "não seja expulso dos Estados Unidos, a menos e "até que o Tribunal emita uma ordem contrária".
Suri, um estudante de pós-doutoramento na Universidade de Georgetown e cidadão da Índia, foi detido na segunda-feira à noite à porta da sua casa na Virgínia por agentes que se identificaram como agentes do Departamento de Segurança Interna e lhe disseram que o seu visto tinha sido revogado, de acordo com um processo judicial apresentado pelo advogado de Suri.
Hassan Ahmad, o advogado de Suri, escreveu num processo judicial que o seu cliente foi visado devido à "identidade da sua mulher como palestiniana e ao seu discurso constitucionalmente protegido".
Suri e a sua mulher, Mapheze Saleh, "há muito que são alvo de 'doxxing' e de difamação", afirma o processo judicial.
'Doxxing' é definido como uma prática virtual de pesquisar e de transmitir dados privados sobre um indivíduo ou de uma organização.
"A administração Trump expressou abertamente sua intenção de usar a lei de imigração como arma para punir os não-cidadãos cujas opiniões são consideradas críticas à política dos EUA no que se refere a Israel", escreveu Hassan Ahmad.
Suri foi acusado de "espalhar propaganda do Hamas e promover o antissemitismo nas redes sociais" e foi considerado deportável pelo gabinete do Secretário de Estado, disse a Secretária Adjunta da Segurança Interna, Tricia McLaughlin, na quarta-feira no X.
Os críticos do visado publicaram a fotografia de Saleh na Internet, juntamente com informações que incluem o seu antigo emprego na Al Jazeera e o seu local de nascimento na Cidade de Gaza "como apoio às suas alegadas ligações ao Hamas".
Nader Hashemi, professor de Médio Oriente e política islâmica em Georgetown, disse à agência de notícias Associated Press que Suri estava intensamente concentrado na sua investigação e ensino. Sentia uma forte solidariedade e simpatia pelos palestinianos, mas não era externamente político no campus.
"Organizámos dezenas de eventos desde 7 de Oc. Organizámos dezenas de eventos desde 7 de outubro, quando começou a guerra entre Israel e Gaza, e não me lembro de o ter visto em nenhum deles", disse Hashemi, que dirige o Centro Alwaleed para a Compreensão Muçulmano-cristã, onde Suri é bolseiro de pós-doutoramento. "Ele não era assim".
Antes da sua detenção, Suri e a sua mulher tinham sido alvos de grupos de direita no campus, em parte porque o pai de Saleh é Ahmed Yousef, um antigo conselheiro do Hamas, disse Hashemi.
Este incidente ocorre também num momento em que Donald Trump leva a cabo uma série de ataques direcionados à comunidade científica, desde cortes brutais no orçamento até censura de certos assuntos em investigações subsidiadas.
A este caso soma-se o de um cientista francês, Philippe Baptiste, que teve a sua entrada negada nos Estados Unidos após as autoridades norte-americanas terem encontrado trocas de mensagens no seu telemóvel que expunham uma visão crítica ao Governo de Donald Trump, confirmou Paris na quarta-feira.
Junta-se também o caso de uma médica e professora universitária recentemente deportada dos Estados Unidos para o Líbano, que foi detida após as autoridades de imigração terem encontrado "fotos e vídeos favoráveis" aos líderes do grupo xiita libanês Hezbollah no seu telemóvel, o que justificou a expulsão do país.
Também Mahmoud Khalil, um estudante da Universidade de Columbia que liderou protestos contra a guerra na Faixa de Gaza, teve a sua autorização de residência permanente nos Estados Unidos revogada e o processo de deportação iniciado.
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