União Africana apela a eleições livres, justas e credíveis na Nigéria
A coordenadora para a Nigéria da Agência de Desenvolvimento da União Africana (AUDA-NEPAD), Gloria Akobundu, apelou aos atores políticos nigerianos para evitarem a violência e garantirem a liberdade, justiça e credibilidade das eleições gerais de 25 de fevereiro.
© Reuters
Mundo Nigéria
"Não permitam que os interesses pessoais ou a prossecução de qualquer outro objetivo que não seja apoiar a paz entrem em jogo durante estas eleições. Devemos dar as mãos para apelar a uma eleição livre de violência", afirmou Akobundu, citada hoje pela comunicação social nigeriana.
A representante da AUDA-NEPAD saudou igualmente o facto de o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, ter reiterado a promessa de "eleições livres".
Akobundu apelou também aos meios de comunicação social a que trabalhem de forma profissional e evitem notícias tendenciosas que possam minar a estabilidade.
As eleições na Nigéria, o país mais populoso de África com mais de 210 milhões de pessoas, irão escolher o sucessor do atual presidente, que completa o seu segundo e último mandato de quatro anos.
A Nigéria é um dos principais produtores de petróleo de África, mas as desigualdades sociais são tão graves que quatro em cada dez pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza no país, de acordo com os últimos dados do Banco Mundial.
Para além das desigualdades, o país assiste à insegurança crescente em muitas regiões, entre outros problemas que têm corroído acentuadamente a popularidade de Buhari e do All Progressives Congress (APC, partido no poder), de acordo com as sondagens.
Na corrida presidencial, o novo líder do APC, Bola Ahmed Adekunle Tinubu, enfrenta sobretudo três candidatos: Alhaji Atiku Abubakar, do People's Democratic Party (PDP, oposição), ex-vice-presidente de Olusegun Obasanjo; Peter Obi, do Labour Party, um dissidente do APC, que muitos eleitores veem como principal alternativa à atual classe dirigente; e Rabiu Musa Kwankwaso, líder do New Nigeria Peoples Party (NNPP), também antigo membro do APC, apoiado sobretudo nas regiões setentrionais do país.
Nos últimos meses, o país tem assistido a uma série de ataques a dependências da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), levantando preocupações sobre a segurança e fiabilidade da votação.
Os estados centrais e do noroeste da Nigéria são, por outro lado, palco de ataques frequentes de "bandidos", termo utilizado localmente para descrever bandos criminosos que cometem roubos em larga escala, assaltos e raptos para obterem resgates, por vezes, de montante muito elevado.
O nordeste da Nigéria tem sido o alvo dos ataques de Boko Haram desde 2009, violência que escalou a partir de 2016 com o surgimento do ISWAP.
Ambos os grupos procuram impor um estado de estilo islâmico na Nigéria, que é predominantemente muçulmano no norte e predominantemente cristão no sul.
O Boko Haram e ISWAP já mataram mais de 35.000 pessoas e causaram cerca de 2,7 milhões de deslocados internos, a maioria na Nigéria, mas também em países vizinhos como os Camarões, Chade e Níger, de acordo com dados do Governo e da Organização das Nações Unidas.
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