Os 15 membros do Conselho de Segurança destacaram hoje, em comunicado, que estão também profundamente alarmados" com a decisão do regime afegão de suspender o acesso das mulheres à universidade.
Esta declaração somou-se hoje à posição semelhante transmitida pelo Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e pela ONU Mulheres, que sublinhou que "as autoridades de fato no Afeganistão encontraram novas maneiras de prejudicar as mulheres e meninas do Afeganistão".
"Isto é uma misoginia implacável, um ataque virulento às mulheres, à sua contribuição, à sua liberdade e à sua voz", salientou a diretora da ONU Mulheres, Sima Bahous, em comunicado.
"Nenhum país pode desenvolver-se ou sobreviver social e economicamente com metade da sua população excluída", disse, por seu lado, o alto-comissário da ONU em comunicado.
Já o Conselho de Segurança das Nações Unidas lembrou que as restrições contrariam os compromissos assumidos pelos talibãs com o povo afegão, bem como as expectativas da comunidade internacional.
O mais alto órgão da ONU também reiterou o seu apoio à representante especial da secretária-geral da ONU, Rosa Otunbayeva, e à Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), que esta lidera, e destacou a importância de poder cumprir o seu mandato, inclusive através de uma monitorização e relato da situação.
A Unama pediu na segunda-feira o retorno das mulheres aos seus empregos nas organizações não-governamentais (ONGs) no Afeganistão após o veto dos talibãs.
O vice-representante especial do secretário-geral da ONU, Ramiz Alakbarov, reuniu-se com o ministro da Economia do Talibã, Mohammad Hanif, "para pedir a reversão da decisão de banir mulheres do trabalho humanitário de ONG nacionais e internacionais", adiantou a Unama na rede social Twitter.
"Milhões de afegãos precisam de assistência humanitária e a remoção de barreiras é essencial", acrescentou esta agência da ONU.
Na semana passada, as autoridades talibãs suspenderam a educação universitária para mulheres, provocando indignação internacional e manifestações nas cidades afegãs, sobretudo depois de terem anunciado a exclusão de mulheres em atividades de ONG.
Mais da metade da população - cerca de 24 milhões de pessoas - depende de uma forma ou de outra da ajuda humanitária.
Apesar das promessas de que seriam mais flexíveis, os talibãs voltaram a uma interpretação ultra-rigorosa do Islão, que marcou a sua primeira passagem ao poder (1996-2001).
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