Nabil Abu Rudeiné, porta-voz da Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmud Abbas, assegurou que, após o acordo que dá à extrema-direita mais poderes no novo Governo de coligação israelita, "não restará nenhum colonato (palestiniano) nas terras do Estado independente da Palestina".
"A administração norte-americana deve transformar as suas palavras em ação, uma vez que está comprometida com a solução de dois Estados", apelou o porta-voz, acrescentando que, sem isso, não haverá "estabilidade" na região, segundo relata a agência WAFA.
O acordo que permite ao líder do partido Likud, Benjamim Netanyahu, voltar ao cargo de primeiro-ministro num governo de coligação, dá ao líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico) o cargo de ministro da Segurança Nacional, ministério agora criado, com poderes alargados para incluir autoridade em matérias até agora dispersas por vários gabinetes governamentais.
Assim, a Polícia de Fronteira na Cisjordânia, uma unidade que tem cerca de 2.000 soldados e cujas funções incluem controlo de motins, detenções e evacuação de colonatos, passará a estar sob a sua alçada.
O líder da extrema-direita foi acusado no passado de incitar à violência e de aumentar as tensões entre israelitas e palestinianos.
A Autoridade Palestiniana sublinhou ainda que medidas tomadas pelo primeiro-ministro indigitado, Benjamin Netanyahu, são contrárias a "todas as resoluções internacionais", especialmente a resolução 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabelece que os colonatos nas áreas ocupadas não têm validade jurídica.
O partido de Netanyahu, o Likud, fez uma coligação com três partidos de extrema-direita e dois partidos ultraortodoxos para a formação do governo que deverá tomar posse na quinta-feira.
Nas eleições legislativas de 01 de novembro, Netanyahu e os seus aliados conquistaram uma maioria de 64 dos 120 assentos parlamentares no Knesset (parlamento de Israel) e o líder do Likud começou por prometer formar uma coligação rapidamente.
O processo acabou, no entanto, por ser mais complicado do que o previsto, em parte porque os parceiros ultraortodoxos e de extrema-direita do Likud exigiram garantias firmes sobre o futuro projeto de governo.
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