Horas depois de serem finalmente divulgadas as suas contribuições fiscais, o antigo presidente norte-americano Donald Trump declarou, esta sexta-feira, que os números das suas contas são motivo de orgulho e demonstram "sucesso".
As declarações surgem depois de o Comité de Meios e Recursos, da Câmara de Representantes, ter divulgado os impostos de Trump. O relatório foi recebido com muita expectativa: durante anos - antes, durante e depois de ser presidente dos Estados Unidos -, recusou sempre divulgar o quanto pagou em impostos ao Estado, alegando que estes estavam sob auditoria (algo que não impede de este os apresentar ao eleitorado).
Num comunicado enviado à CBS News, Trump disse que "os democratas" que controlam o Comité "nunca o deviam ter feito, o Supremo Tribunal nunca devia ter aprovado, e isto vai levar a que coisas horríveis aconteçam a muitas pessoas".
No entanto, apesar de se mostrar revoltado com a decisão, o antigo líder do país e novamente candidato à Casa Branca declarou que os impostos "demonstram mais uma vez o quão orgulhosamente sucedido" tem sido. "Mostram que fui capaz que capaz de usar vários métodos fiscais como incentivos para criar milhares de empregos, estruturas magníficas e empresas", acrescentou.
Disse ainda que "a divisão nos EUA vai tornar-se ainda pior", culpabilizando o Partido Democrata de "tornar tudo numa arma".
TRUMP: The “Trump” tax returns once again show how proudly successful I have been and how I have been able to use depreciation and various other tax deductions as an incentive for creating thousands of jobs and magnificent structures and enterprises. pic.twitter.com/IeAQjm1hOU
— Chris Cioffi (@ReporterCioffi) December 30, 2022
Os impostos de Donald Trump sempre estiveram envoltos em polémica. Durante o seu mandato, em 2018, o New York Times chegou a divulgar documentos que abriam uma janela para as graves perdas de receita do antigo presidente e uma perpetuação de um sistema de evasão fiscal nas suas várias empresas.
O relatório lançado, na quinta-feira, demonstra, de facto, que Donald Trump não pagou um único dólar em impostos durante o seu último ano como presidente dos Estados Unidos. Nos primeiros três anos, entre 2017 e 2019, pagou apenas pouco mais de um milhão de dólares.
Em 2016 e 2017, pagou apenas 700 euros em impostos.
Here are the key numbers from Trump's tax return - NYT pic.twitter.com/h6fzdSI1mc
— StockMKTNewz - Evan (@StockMKTNewz) December 30, 2022
Ao longo dos próximos dias, os jornalistas norte-americanos vão divulgar cada vez mais detalhes sobre os investimentos, receitas e perdas do antigo presidente.
A divulgação dos dados, poucos dias antes de os Republicanos retomarem o controlo da Câmara de Representantes, aumenta o potencial de novas revelações sobre as finanças de Trump, que estão envoltas em suspeitas desde os dias em que este era um empresário do imobiliário em Manhattan.
Trump - que antes de chegar à Casa Branca era conhecido por construir arranha-céus e apresentar um 'reality show' televisivo - sempre promoveu publicamente a sua riqueza nos relatórios financeiros anuais das suas empresas, para garantir empréstimos bancários.
Recentemente, a firma de contabilidade do antigo presidente norte-americano voltou a negar a entrega das declarações fiscais, e a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, entrou com uma ação judicial, alegando que Trump e as suas empresas inflacionaram os valores dos ativos nos documentos, o que constituiria uma fraude.
No relatório divulgado na semana passada, o Comité do Congresso informou que o governo de Trump pode ter desconsiderado um requisito que exige auditorias das declarações fiscais de um Presidente.
O Governo só começou a auditar as declarações fiscais de 2016 a 3 de abril de 2019 - mais de dois anos após a entrada na Casa Branca.
Em comparação, já houve auditorias do atual Presidente, Joe Biden, para os anos fiscais de 2020 e 2021, e um porta-voz do ex-Presidente Barack Obama disse que este foi auditado em cada um dos seus oito anos no cargo.
Agora, a Câmara de Representantes aprovou um projeto de lei que exige auditorias das declarações de imposto sobre rendimentos de qualquer Presidente.
Os Republicanos opuseram-se a esta legislação, levantando preocupações de que uma lei exigindo auditorias infrinja a privacidade dos contribuintes e possa levar as auditorias a serem usadas para fins políticos.
Contudo, esta medida dificilmente se tornará lei, já que os Republicanos assumirão o controlo da Câmara de Representantes, na próxima semana.
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