O presidente brasileiro Lula da Silva procurou restabelecer os laços com a América Latina e países de língua portuguesa no seu primeiro dia de mandato, com uma extensa ronda de reuniões bilaterais com vários dos principais líderes.
Menos de 24 horas depois de tomar posse, o novo líder brasileiro arrancou com reuniões bilaterais a partir das 09h30 com: Rei Felipe VI da Espanha, Presidente da Bolívia, Presidente da Argentina, Presidente da do Equador, Presidente da do Chile, Gabriel Boric Font, Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República da Colômbia, Presidente de Honduras, vice-presidente da China, Presidente de Angola, João Lourenço, primeiro-ministro da República do Mali, presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, vice-presidente de Cuba, presidente do Conselho de Ministros do Peru e presidente da Assembleia Nacional da República Bolivariana da Venezuela.
"Creio que o Presidente Lula é um líder regional que vai dar um impulso muito importante à América Latina", disse o Presidente argentino, que o esperará de "braços abertos" quando viajar para a Argentina a 23 de Janeiro na sua primeira viagem internacional.
"A Argentina e o Brasil são países indissoluvelmente unidos", disse o Presidente da República da Argentina, Alberto Ángel Fernández, numa declaração após a reunião.
Prova disso é que Lula, seguindo a tradição diplomática brasileira, fará a sua primeira viagem oficial internacional à Argentina, onde também participará na cimeira da Comunidade dos Estados da América Latina e das Caraíbas (CELAC), que o Brasil deixou em 2020 durante o Governo de Bolsonaro (2019-2022).
Lula da Silva deu também grande importância, no seu primeiro dia de trabalho, aos países de língua portuguesa, prova disso foram as reuniões bilaterais ao mais alto nível com Portugal, Guiné Bissau, Timor-Leste e Angola.
O chefe de Estado português qualificou hoje o seu encontro com Lula da Silva, como "fraternal, muito rápido, mas muito eficaz" e considerou que abriu "portas para vários encontros no futuro próximo".
"Foi um encontro fraternal, muito rápido, mas muito eficaz. É assim, com a família é assim. Pelo menos comigo e com o Presidente Lula, não precisamos de muito tempo, tratamos as questões, que é uma dúzia, uma dezena fundamental de questões que tratámos", afirmou.
"Encontrei-me hoje novamente com meu amigo Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal. Fiquei feliz de poder retribuir a hospitalidade que ele teve comigo quando visitei Lisboa como presidente eleito em novembro", disse, por outro lado Lula da Silva.
Após a reunião com o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, Lula classificou o país como um "importante país africano e também de língua portuguesa".
"Manifestei que o Brasil irá voltar a ter a África como uma prioridade nas suas relações com o mundo", escreveu no Twitter.
Lula enviou assim um forte sinal de que, como quando governou entre 2003 e 2010, a política externa será um dos eixos do seu terceiro mandato, após quatro anos de "isolamento" internacional com o agora ex-Presidente Jair Bolsonaro.
O novo Presidente brasileiro já tinha antecipado que queria devolver o Brasil "ao lugar no mundo que merece", como "protagonista" nos fóruns internacionais, relegado para segundo lugar pelo líder da extrema-direita.
Lula iniciou a sua maratona recebendo Felipe VI no Palácio do Itamaraty, a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde todas as reuniões foram realizadas.
Os dois homens falaram das "relações Brasil-Espanha, Europa e América Latina", segundo Lula numa breve mensagem sobre as suas redes sociais.
Além de reforçar os laços com a Ibero-América, e países de Língua portuguesa, Lula também recebeu representantes da Venezuela, Cuba e Peru, e o vice-Presidente chinês Wang Qishan.
As relações com a China, o maior parceiro comercial do Brasil, também arrefeceram durante a administração "anticomunista" de Bolsonaro, que partiu para os Estados Unidos antes da inauguração de Lula sem um bilhete de regresso.
Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à Presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país.
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