Os caixões de Abdurrahman Kizil, Mir Perwer, um cantor refugiado político curdo, e Emine Kara, líder do Movimento das Mulheres Curdas na França, foram exibidos numa sala, sob um retrato de Abdullah Ocalan, o líder histórico do Movimento dos Trabalhadores do Curdistão, PKK, que está preso na Turquia.
Muitos curdos recusam-se a acreditar na versão de que a morte destas pessoas se deve a um atirador com motivações racistas e denunciam que se tratou de um ato "terrorista", envolvendo o Governo da Turquia.
"A raiva das pessoas reunidas hoje (...) mais uma vez provou-nos até que ponto a comunidade curda pensa que esses assassínios são políticos e terroristas, orquestrados pela Turquia", insistiu Agit Polak, porta-voz para o Conselho Democrático Curdo da França, rejeitando a versão do Ministério Público de Paris.
As suspeitas da comunidade são ainda mais sérias porque, há 10 anos, quase no mesmo dia, três ativistas curdos foram assassinados no mesmo bairro de Paris e um cidadão turco suspeito de agir em nome dos serviços de informações de Ancara morreu de cancro em 2016, quando estava sob custódia policial, antes do julgamento.
Milhares de pessoas acompanharam a cerimónia fúnebre em écrans gigantes instalados num parque de estacionamento, impossibilitadas de entrar na sala onde os corpos foram expostos.
Milhares de curdos viajaram de toda a França e até de outros países europeus para assistir a estes funerais e os organizadores montaram um rígido serviço de proteção, além das forças de segurança destacadas pelas autoridades francesas.
Em 23 de dezembro, os três curdos foram mortos frente a um centro cultural da sua comunidade em Paris.
O atirador, William Malet, um francês de 69 anos já conhecido da justiça por atos de violência, justificou a sua ação pelo seu "ódio patológico aos estrangeiros".
Para quarta-feira, está programada uma marcha no local da tragédia.
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