Um decreto do presidente da câmara de Dacar justifica a proibição com a justificação de que "o local escolhido (para o evento) é objeto de grandes obras" ligadas a um projeto de um autocarro que circula em vias exclusivas e à preparação do Dia da Independência, agendado para 04 de abril.
A Praça da Nação, local previsto para a manifestação, "está marcada por uma presença contínua de máquinas e trabalhadores que já impossibilita a realização de comícios, pelo risco de acidente" e atraso nos trabalhos, segundo o texto.
O presidente da câmara conclui, portanto, "não poder dar (a) resposta favorável" ao pedido da oposição.
A Praça da Nação, perto do centro de Dacar, costuma receber manifestações, como a realizada em 30 de dezembro convocada por organizações da sociedade civil para protestar contra irregularidades na gestão do fundo.
A principal coligação da oposição, Yewwi Askan Wi (YAW, "Vamos Libertar o Povo", na língua wolof) convocou a manifestação de sexta-feira para "desafiar a forma como o governo administra os fundos públicos" e contra "o retrocesso democrático e a impunidade do poder".
Um relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Senegal, publicado em meados de dezembro, refere-se à despesa efetuada em 2020 e 2021 no "Fundo de Resposta aos Efeitos da Covid-19".
Este fundo, financiado pelo Estado do Senegal e doadores, está avaliado em 1.000 mil milhões de francos cfa (1,5 mil milhões de euros) dos quais mais de 740 mil milhões de francos cfa (mais de 1,1 mil milhões de euros) foram gastos oficialmente, segundo o relatório.
O documento apontava "insuficiências", "sobrefaturação", "falta de documentos comprovativos" de despesas, algumas das quais, aliás, "não estão ligadas à covid-19".
O Governo defendeu-se sublinhando que os incumprimentos denunciados dizem respeito a menos de 1% do valor total do fundo e prometeu seguir as recomendações do Tribunal de Contas, que solicitou a abertura de processos judiciais contra funcionários dos ministérios.
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