A Rússia nomeou especificamente a escola profissional de Kramatorsk como alvo de um ataque, sábado, em que os seus mísseis teriam atingido duas bases temporárias que albergavam 1.300 soldados ucranianos na cidade, matando 600.
Os repórteres da Associated Press que visitaram o local viram um edifício de quatro andares com a maioria das janelas rebentadas, mas sem sinais de presença militar ucraniana nem de baixas.
Lá dentro, funcionários estavam a limpar destroços, a varrer vidros partidos e a atirar móveis partidos para uma cratera feita pelo rebentamento de mísseis na rua.
Yana Pristupa, diretora-adjunta da escola, contestou as alegações de Moscovo de que teria atacado e atingido ali uma base e concentração de tropas ucranianas.
"Ninguém viu uma única mancha de sangue em lado nenhum", garantiu nas declarações à AP, explicando ainda que a escola tinha, antes da guerra, mais de 300 alunos, mas a maioria das aulas passaram a ser 'online' devido aos ataques russos.
As autoridades ucranianas tinham já negado, no domingo, as alegações russas de que Kiev tinha perdido um grande número de soldados neste ataque.
O Ministério da Defesa da Rússia reivindicou sábado ter matado mais de 600 soldados ucranianos numa "operação de represália" ao ataque do Ano Novo contra as forças russas em Makiivka, leste da Ucrânia, que provocou a morte de 89 militares.
O ataque a Makiivka, na disputada região de Donetsk, é considerado um dos maiores reveses das forças russas desde o início da invasão da Ucrânia, a ponto de o regime de Moscovo, que confirmou 89 baixas, embora a Ucrânia estima que o número de vítimas seja muito maior, falando de centenas.
Durante a guerra, ambos os lados têm afirmado regularmente ter matado centenas de soldados uns dos outros em ataques. As alegações raramente podem ser verificadas independentemente por causa dos combates.
A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia começou há quase um ano e a ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Os ataques causaram também o deslocamento, dentro e para fora da Ucrânia, de mais de 14 milhões de pessoas, numa crise de refugiados que a ONU classifica como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com o envio de armamento e ajuda económica e humanitária à Ucrânia e a imposição de sanções políticas e económicas sem precedentes a Moscovo.
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