Num comunicado conjunto, mais de 70 congressistas indicaram "não ser segredo que agitadores de extrema-direita no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA) estão a coordenar esforços" para corromper a democracia, dando como exemplo os encontros de Eduardo Bolsonaro, deputado brasileiro e filho do agora ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, com ex-assessores do antigo chefe de Estado norte-americano Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que "incentivaram Bolsonaro a contestar os resultados eleitorais no Brasil".
"Como legisladores no Brasil e nos Estados Unidos, estamos unidos contra os esforços de atores autoritários e antidemocráticos da extrema-direita para derrubar resultados eleitorais legítimos e derrubar as nossas democracias, incluindo os recentes ataques de 08 de janeiro de 2023 ao Palácio Presidencial brasileiro, ao Congresso e ao Supremo Tribunal, bem como o ataque de 06 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA", lê-se no comunicado.
Os signatários dos dois países, maioritariamente progressistas, ressaltaram ainda que todos os envolvidos nas invasões devem ser responsabilizados.
"As democracias dependem da transferência pacífica de poder. Assim como os extremistas de direita estão a coordenar os seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos nos nossos esforços para protegê-la. A fim de salvar a democracia nos nossos dois países e ao redor do mundo, pedimos a todos os representantes eleitos nos dois países, independentemente do partido, que participem nas nossas convocações", conclui a nota.
Esta iniciativa partiu do Washington Brazil Office, instituição que promove o diálogo bilateral em defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável e que articulou os congressistas dos dois países em prol do comunicado conjunto.
Entre os signatários estão figuras políticas norte-americanas como Alexandria Ocasio-Cortez, Pramila Jayapal, Adam Schiff, e brasileiras como Gleisi Hoffmann, Guilherme Boulos ou Joenia Wapichana.
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram cerca de 1.500 detidos.
A Polícia Federal brasileira informou que cerca de 600 pessoas presas acusadas de participarem nos atos, na maioria idosos com mais de 65 anos, mulheres que têm filhos pequenos e pessoas com comorbilidades graves, foram libertadas para responder em liberdade.
A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira que apoiam o anterior presidente, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira.
Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.
Torres é alvo de um pedido de prisão que ainda não foi cumprido por se encontrar em viagem aos Estados Unidos da América.
Situação semelhante ocorreu há dois anos em Washington, em 06 de janeiro de 2021, quando milhares de apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio norte-americano na tentativa de reverter a vitória do atual Presidente, Joe Biden, nas presidenciais de 2020.
O ataque fez cinco mortos e deixou mais de 140 polícias feridos.
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