Rússia nega ter bombardeado edifício residencial em Dnipro
A Rússia negou hoje o bombardeamento de um edifício residencial na cidade ucraniana de Dnipro, no sábado, que provocou 36 mortos e 35 desaparecidos, atribuindo a culpa à defesa aérea da Ucrânia.
© Telegram/ Kyrylo Tymoshenko
Mundo Ucrânia
"As forças armadas russas não atacam edifícios residenciais ou instalações de infraestruturas sociais, apenas alvos militares camuflados ou óbvios", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência oficial TASS.
Peskov invocou as "conclusões de alguns representantes do lado ucraniano" para insistir que a "tragédia foi o resultado de um projétil do sistema de defesa aérea da Ucrânia".
Essa possibilidade foi sugerida pelo conselheiro presidencial ucraniano Aleksey Arestovich, no sábado à noite, embora ressalvando que a culpa da Rússia era inequívoca.
"Todos compreendem perfeitamente que se não houvesse um ataque russo, tal tragédia não teria acontecido, independentemente do mecanismo do ataque", disse então Arestovich, citado pela agência espanhola EFE.
Posteriormente, as autoridades ucranianas disseram que a destruição no edifício foi provocada por um míssil russo Kh-22, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês).
As mesmas fontes disseram que as forças ucranianas não têm capacidade para abater os Kh-22, que são mísseis antinavio de longo alcance desenvolvidos na antiga União Soviética, acrescentou o mesmo instituto norte-americano.
O número de mortos no edifício subiu hoje para 36, sendo considerado um dos mais elevados num ataque contra civis.
Entre as vítimas mortais estão duas crianças, segundo o chefe da polícia nacional ucraniana, Igor Klymenko, citado pela agência francesa AFP.
Além das vítimas mortais, as esquipas de socorro encontraram 75 feridos, entre os quais 15 crianças, e resgataram 39 pessoas após duas noites de buscas.
As autoridades locais disseram que ainda falta encontrar 35 residentes do edifício, o que faz temer que o número de mortos possa duplicar.
As operações de salvamento, em que participa um pelotão de cães, ainda estavam hoje em curso para tentar encontrar sobreviventes.
As forças armadas russas admitiram os bombardeamentos de sábado, mas sem qualquer referência ao edifício residencial em Dnipro.
"Em 14 de janeiro, um ataque com mísseis foi realizado contra o sistema de comando e controlo militar da Ucrânia e instalações de energia. Todos os objetos designados foram atingidos", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, precisou, no domingo, que o ataque foi realizado pelas forças russas a partir da região de Kursk, a algumas centenas de quilómetros de Dnipro.
O ataque aconteceu no dia em que os ucranianos celebravam o Ano Novo ortodoxo.
"Memória eterna para todos aqueles cujas vidas foram levadas pelo terror russo! O mundo tem de deter este mal", disse Zelensky, citado hoje pelo Novaya Gazeta Europe, um jornal banido pelo regime do Presidente Vladimir Putin e agora publicado na Letónia.
Situada junto ao rio Dniepre, no sudeste da Ucrânia, Dnipro é a quarta maior cidade do país, com cerca de um milhão de habitantes antes da guerra.
Desconhece-se o número exato de baixas civis e militares na guerra iniciada pela Rússia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
As Nações Unidas confirmaram a morte de cerca de sete mil civis desde o início da guerra, em 24 de fevereiro do ano passado.
As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
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