Em 24 de dezembro, o Ministério da Economia afegão anunciou que as ONG estavam proibidas de trabalhar com mulheres afegãs, devido a "denúncias sérias" sobre o vestuário não cobrir totalmente o corpo e rosto.
Várias organizações anunciaram então que iriam suspender as operações no Afeganistão como forma de protesto contra a proibição.
No entanto, nos últimos dias, alguns grupos voltaram a prestar apoio em algumas províncias afegãs, com a presença de funcionárias do setor de saúde e nutrição.
"Retomamos as atividades no setor de saúde com pessoal feminino" em quatro províncias, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Samira Sayed-Rahman, do Comité Internacional de Resgate (IRC na sigla inglesa).
"Continuamos as discussões com as autoridades provinciais para abrir atividades de saúde e nutrição noutras províncias", disse o IRC em comunicado.
Cerca de 1.260 ONG atuam no país, segundo o Ministério da Economia, e empregam milhares de mulheres em cargos essenciais, nomeadamente em programas de ajuda alimentar, na área da saúde ou educação.
Também a Save The Children anunciou no domingo a retomada das atividades humanitárias em várias zonas do Afeganistão.
A Save the Children indicou que irá retomar as atividades após ter recebido "garantias claras e fiáveis por parte das autoridades relevantes" de que "as funcionárias estarão a salvo e poderão trabalhar sem interferências".
A maioria dos programas da organização ainda está, contudo, suspensa por falta de garantias.
De acordo com o chefe das operações da ONG, David Wright, "as mulheres são essenciais" porque representam 50% da força de trabalho humanitário no país e são treinadas para falar com mulheres e meninas afegãs.
Num comunicado, também a Care, com sede na Suíça, anunciou que está "a retomar as atividades de saúde e nutrição no Afeganistão com funcionários masculinos e femininos".
"As ONG que trabalham no setor da saúde operam com funcionárias mulheres (...). Precisamos delas para apoiar crianças desnutridas e outras mulheres que precisam de serviços de saúde", referiu hoje o porta-voz do Ministério da Economia, Abdul Rahman Habib, à AFP.
Apesar de inicialmente terem prometido um Governo mais moderado, com respeito pelos direitos das mulheres e das minorias, os talibãs têm adotado uma interpretação cada vez mais fundamentalista da lei islâmica, ou 'sharia'.
Além de proibirem a frequência por meninas do ensino primário, médio e universitário, barraram as mulheres da maioria dos setores de trabalho e ordenaram-lhes o uso, em público, de roupas que as tapem da cabeça aos pés.
A sociedade afegã, embora muito tradicional, tinha adotado nos últimos 20 anos, sob influência dos Estados Unidos e aliados, o hábito de enviar as meninas e mulheres para a escola.
Leia Também: Costa Silva na AR e outras 3 coisas que deve saber para começar o dia