Conselheiro de Zelensky demite-se após comentários polémicos sobre Dnipro

Oleksiy Arestovych, conselheiro presidencial, sugeriu que o míssil russo que atingiu um prédio residencial tinha sido abatido pela defesa aérea da Ucrânia.

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Márcia Guímaro Rodrigues
17/01/2023 10:50 ‧ 17/01/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Guerra na Ucrânia

O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych demitiu-se, esta terça-feira, após ter sugerido que a defesa aérea da Ucrânia tinha abatido um míssil russo que atingiu um prédio residencial em Dnipro e provocou a morte a pelo menos 41 pessoas.

Num comunicado, publicado nas redes sociais, o conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky reconheceu ter cometido um “erro grave” e prometeu ser “mais rigoroso com as informações”

“Apresento as minhas sinceras desculpas às vítimas e aos seus familiares, aos moradores de Dnipro e a todos os que ficaram profundamente magoados com a minha versão prematuramente errada do motivo pelo qual o míssil russo atingiu um prédio residencial”, afirmou.

Defendendo que as declarações não tiveram “nenhuma consequência legal ou de reputação para a Ucrânia”, Arestovych afirmou que Moscovo as está a promover “para enfraquecer influência informativa ucraniana (inclusive sobre os russos)”. 

Numa outra publicação, o responsável frisou que entregou uma carta de demissão para “mostrar um exemplo de comportamento civilizado”. 

Um míssil Kh-22 russo atingiu um edifício residencial em Dnipro (sudeste) no sábado, provocando pelo menos 44 mortos e 22 desaparecidos, segundo um novo balanço divulgado hoje pelo presidente da câmara local, Borys Filatov.

Pouco depois do ataque, Arestovich disse num canal YouTube de um advogado russo que o míssil poderia ter sido abatido pela defesa aérea ucraniana e caído, por isso, no prédio, quando o alvo seria uma instalação elétrica próxima.

Ressalvou, no entanto, que a culpa da Rússia era inequívoca, porque "se não houvesse um ataque russo, tal tragédia não teria acontecido". Esta possibilidade foi negada pela força aérea ucraniana, que alegou não ter armas capazes de abater os Kh-22.

Trata-se de mísseis antinavio de longo alcance desenvolvidos na antiga União Soviética, de acordo com o Instituto para o Estado da Guerra (ISW), com sede nos Estados Unidos.

No dia seguinte ao do ataque, Arestovitch justificou as suas declarações com o cansaço e disse que tinha apenas referido uma possibilidade que lhe fora transmitida por um antigo elemento das forças de defesa aérea de Dnipro.

Mas as suas declarações foram aproveitadas pela Rússia para negar responsabilidade pelo ataque. O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, invocou, na segunda-feira, "as conclusões de alguns representantes do lado ucraniano", referindo-se a Arestovitch, para insistir que a responsabilidade era da defesa aérea da Ucrânia.

"Isto causou indignação na sociedade ucraniana", segundo a Ukrinform.

A demissão de Arestovitch também foi noticiada pela agência russa TASS, que a atribuiu às duras críticas de que foi alvo. Segundo a TASS, um deputado ucraniano anunciou, na segunda-feira, o início de uma recolha de assinaturas para exigir a demissão de Arestovitch, acusando o conselheiro presidencial de traição.

O ataque em Dnipro foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e valeu a Moscovo renovadas acusações de crimes de guerra por visar alvos civis.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que cerca de sete mil civis morreram e mais de 11 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

[Notícia atualizada às 12h12]

Leia Também: AO MINUTO: Delegação dos EUA em Kyiv; Dnipro? 25 desaparecidos

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