O tribunal seguiu à risca as recomendações da Procuradoria Nacional Antiterrorismo (PNAT) de França, que tinha questionado a sinceridade do arrependimento deste homem de 40 anos, que ingressou na Síria em fevereiro de 2015 com a sua mulher, que também foi julgada, e o seu filho, na altura com dois meses.
Latifa Chadli, de 40 anos, recebeu uma pena mais leve, tendo sido condenada pelo mesmo tribunal a cinco anos de prisão, três dos quais suspensos em liberdade condicional.
A procuradoria tinha pedido sete anos de prisão, acompanhados de um período de segurança de dois terços.
Por já ter cumprido dois anos de prisão preventiva, Latifa Chadli, que já estava em liberdade, não regressará à prisão.
A mãe de Jonathan Geffroy, Denise P., julgada por financiar uma empresa terrorista depois de enviar mais de 18.000 euros para o seu filho quando este se encontrava na zona do Iraque e Síria, foi condenada a três anos de prisão com pena suspensa, depois de enfrentar dez anos de prisão.
Julgado por associação criminosa terrorista e abandono de menor, por ter levado o filho para uma zona de guerra, Jonathan Geffroy utilizou como atenuante a sua colaboração com as autoridades francesas, desde novembro de 2016, enquanto ainda se encontrava em Raqqa, reduto do Estado Islâmico.
Mas os investigadores da Direção-Geral de Segurança Interna e o conselheiro geral do Pnat minimizaram a importância das informações prestadas por Jonathan Geffroy às autoridades, incluindo o projeto da organização islâmica de enviar crianças soldados para a Europa para realizar operações suicidas.
"Jonathan Geffroy é um oportunista que queria viver a vida de um paxá" na zona síria-iraquiana, referiu o conselheiro geral no seu depoimento, sublinhando que este decidiu deixar o Estado Islâmico foi "porque a situação no terreno tornou-se muito difícil".
Geffroy, natural de Toulouse e conhecido pelo pseudónimo Abou Ibrahim al Faransi [o francês], foi alvo de um processo instaurado pela Pnat no início de 2016, acusado de ter ido à Síria para se juntar aos combates pelo grupo 'jihadista'.
O francês acabou por ser identificado num vídeo que circulou nas redes sociais, no qual se apresentava como integrante do grupo terrorista.
Foi capturado na Síria por rebeldes daquele país que o entregaram à Turquia, nação que por sua vez o entregou às autoridades francesas em 2017.
Durante as declarações prestadas na sexta-feira, Jonathan Geffroy explicou que "teve orgulho" quando chegou à Síria, por estar "um mundo em construção".
"Coloquei o Estado Islâmico num pedestal porque eles conquistaram muito território. Essa dimensão de poder alimentou-me. Estava completamente sob o controlo deles naquela época. Orgulho. Orgulho de ter armas. Conheço pessoas de todo o mundo que pensam como eu. Estava numa utopia total", contou, assumindo plenamente a sua responsabilidade.
"Antes de 14 de julho de 2016 [data do atentado de Nice], não encarava a verdade de frente. Hoje, desconstruí tudo isso. E para ser honesto, quando fiquei com o desejo de ajudar os sírios oprimidos por Bashar al-Assad, na verdade nunca os ajudei", acrescentou ainda no tribunal especial de primeira instância em Paris.
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