Gripe das aves em quinta de visons da Galiza preocupa virologistas
Surto está a fazer soar os alarmes um pouco por todo o mundo. "O que mais é preciso acontecer?", questiona uma das especialistas.
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Mundo Gripe das aves
Uma investigação revelou que o vírus que provoca a gripe das aves 'saltou' de aves selvagens para visons-americanos, adquirindo a capacidade de transmissão entre mamíferos, o que está a fazer soar alarmes um pouco por todo o mundo.
De acordo com o El País, no início do outono, gaivotas e gansos-patolas mortos pelo 'influenza H5N1' apareceram nas praias galegas. Dias depois, no início de outubro, um vison-americano morreu com pneumonia hemorrágica numa quinta de Carral, perto da Corunha, em Espanha.
O caso foi investigado e o estudo do mesmo concluiu que o 'influenza H5N1' passou das aves selvagens para os visons-americanos da quinta de produção de peles espanhola e, posteriormente de mamíferos para mamíferos.
O mesmo estudo, liderado por Montserrat Agüero, do Laboratório Central de Veterinária do Ministério da Agricultura e por Isabella Monne, do Instituto Experimental Zooprofilático de Veneza, revelou que os funcionários da empresa, que usam máscara, não foram contagiados.
Segundo os investigadores, o protagonista do surto galego é um vírus altamente patogénico da gripe aviária A (H5N1), com uma mutação incomum chamada T271A, uma característica preocupante que já estava presente no vírus da gripe suína que causou um surto entre humanos em 2009.
Para não correr esse risco, as autoridades da Galiza mandaram abater, logo em outubro e antes de conhecerem sequer as conclusões do estudo, os 52 mil visons-americanos da quinta em questão, localizada ao ar livre e com fácil acesso a animais selvagens.
"Estamos a brincar com o fogo"
Apesar disso, o surto galego está a preocupar os virologistas. "Estamos a brincar com o fogo", escreveu a holandesa Marion Koopmans, que fez parte da investigação da pandemia da Covid-19 da Organização Mundial de Saúde (OMS), nas redes sociais.
Algo com o qual concorda a virologista espanhola Elisa Pérez, especialista em vírus emergentes do Centro de Pesquisa em Saúde Animal. "É assustador. Na Europa nunca houve um surto tão grande entre vírus, aconteceu apenas na China. Nunca tínhamos apanhado um susto tão grande”, descreveu a investigadora ao El País, acrescentando que todas as quintas que fazem criação destes animais devem ser encerradas o mais rápido possível. "O que mais é preciso acontecer?", questiona.
Antes da pandemia da Covid-19, havia cerca de 2.900 quintas de produção de peles na União Europeia. Após vários surtos do novo coronavírus entre visons, em 2020, alguns países, como a Dinamarca e os Países Baixos, decidiram encerrar estes locais. Contudo, de acordo com um relatório das autoridades europeias realizado em 2021, ainda há 755 quintas de visons ativas, principalmente na Finlândia, Polónia, Lituânia e Grécia.
Em Espanha foram implementadas algumas medidas de segurança, como a imposição de máscaras obrigatórias para os trabalhadores, mas não foram encerradas quintas.
Recorde-se que a gripe das aves está a espalhar-se rapidamente pelo mundo. Só no Peru 22 mil aves marinhas foram encontradas mortas em apenas um mês. No dia dia 9 de janeiro, na Bolívia, uma menina de nove anos foi internada nos Cuidados Intensivos depois de ter estado em contacto com galinhas infetadas, tornando-se no primeiro caso humano da gripe aviária na América Latina.
Já a Europa está a passar pela epidemia de gripe aviária mais devastadora da sua história, com mais de 50 milhões de aves abatidas em apenas um ano.
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