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ONU insiste na necessidade de criar zona de exclusão em Zaporijia

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) insistiu hoje na necessidade de criar uma área de exclusão de atividades militares à volta da central nuclear ucraniana de Zaporijia, sob pena de ocorrer um acidente de proporções catastróficas.

ONU insiste na necessidade de criar zona de exclusão em Zaporijia
Notícias ao Minuto

17:49 - 24/01/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"A necessidade de criar uma zona de proteção [à volta da central nuclear] é cada vez mais urgente e necessária (...) que exclua esta instalação das atividades militares", sustentou Rafael Grossi, numa conferência de imprensa em Bruxelas, a propósito da situação na central nuclear de Zaporijia (sul da Ucrânia), a maior da Europa e militarmente ocupada pela Rússia.

Em agosto e novembro do ano passado aumentou o risco de um acidente nuclear por causa dos combates que ocorriam naquela parte do território ucraniano e pelos bombardeamentos que, em várias ocasiões, atingiram a zona do complexo.

Rafael Grossi esteve hoje em Bruxelas e nas instalações do Parlamento Europeu (PE) a fazer um ponto de situação sobre os desenvolvimentos no terreno, em matéria de segurança nuclear, aos eurodeputados.

O diretor-geral da AIEA, agência que integra o sistema da ONU, acrescentou que para já não há indicações de que esteja iminente um desastre nuclear, mas disse não saber "por quanto tempo vai ser possível" continuar a fazer esta afirmação.

A central nuclear de Zaporijia está a "operar em circunstâncias anormais" e, por isso, precisa do apoio da AIEA, referiu o representante.

Rafael Grossi esteve durante a última semana na Ucrânia para avaliar as condições de operabilidade daquela e de outras centrais nucleares, cujas instalações estão danificadas depois de meses de combate entre as tropas ucranianas e russas.

Zaporijia é diferente das restantes infraestruturas, segundo explicou o diretor-geral aos eurodeputados, porque está "controlada por russos, mas a ser operada por ucranianos, e, felizmente, com a presença" de uma missão de inspetores da AIEA.

No entanto, segundo frisou, a situação poderá agudizar-se, já que há "cada vez mais informações de que haverá um aumento da atividade militar no final do inverno/início da primavera".

Zaporijia também "não está a produzir energia" para alimentar habitações e infraestruturas ucranianas e "os reatores estão a operar a um nível muito baixo", apontou.

"Não são como alarmes que se liam e desligam, é preciso mantê-los com alguma atividade", alertou.

O 'blackout' de novembro foi "muito perigoso", insistiu Grossi perante os parlamentares europeus, frisando a importância de conseguir estabelecer uma zona de exclusão de combates o quanto antes, já que um acidente nuclear seria catastrófico para todos os países.

Na passada quarta-feira, a AIEA confirmou que terá inspetores em todas as centrais nucleares da Ucrânia, para reduzir o risco de acidentes graves, enquanto continua a invasão russa contra aquele país.

A agência da ONU já tinha presença permanente em Zaporijia.

A presença permanente da AIEA em todas as instalações nucleares da Ucrânia, com pelo menos 11 funcionários no total, marca uma expansão sem precedentes para a agência.

Os técnicos da AIEA também estarão de forma permanente em Chernobyl onde, em 1986, ocorreu o mais grave acidente nuclear da história.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Kyiv nega significativos avanços russos na região de Zaporíjia

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