EUA elogiam "compromisso" de Zelensky contra a corrupção no seu país
Os Estados Unidos elogiaram hoje o "compromisso" do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, contra a corrupção no seu país, depois da saída de vários membros do governo envolvidos em casos polémicos.
© Reuters
Mundo Ucrânia
"O povo ucraniano quer um governo transparente. Saudamos as ações rápidas e decisivas do presidente Zelensky, bem como a vigilância exercida pelos 'media' e pela sociedade civil", sublinhou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, na conferência de imprensa diária.
O governo ucraniano anunciou esta terça-feira a demissão formal de seis membros e aceitou a renúncia de outros cinco governadores regionais, no que constitui a maior mudança na administração desde o início da invasão russa do país.
As demissões abrem a "semana de decisões" prometida por Zelensky como reação a várias acusações de corrupção contra representantes do governo.
O chefe de Estado ucraniano procura também mostrar que tais atividades não serão toleradas, num momento em que o país precisa de unidade interna e ajuda internacional para acabar com a guerra, noticiou a agência Efe.
"Apoiamos o compromisso da Ucrânia com a transparência e a responsabilidade. Vimos esse exemplo nas últimas horas e continuaremos a apoiar a Ucrânia na implementação dessas importantes reformas anticorrupção", apontou Price.
O porta-voz da diplomacia dos EUA admitiu que a Ucrânia enfrenta "desafios" com a invasão russa, mas lembrou que os Estados Unidos têm funcionários a assessorar o governo de Kiev sobre a "prestação de contas".
Ned Price também enfatizou que os Estados Unidos estão empenhados em garantir que todas as remessas de armas e ajuda humanitária para a Ucrânia sejam utilizadas adequadamente e em estrita conformidade com a lei.
A Comissão Europeia também reagiu hoje às demissões no governo ucraniano, destacando que o Presidente Zelensky está a agir "seriamente" contra a corrupção no seu país.
Entre as saídas do governo estão a do vice-ministro da Defesa e vários altos funcionários do Estado ucraniano após notícias publicadas na imprensa da Ucrânia sobre alegadas compras de material logístico militar a "preços inflacionados", nomeadamente alimentos.
Os afastamentos desta terça-feira seguem-se à demissão do vice-ministro ucraniano das Infraestruturas, Vasyl Lozynsky, por suspeita de receber um suborno de 400 mil dólares para supostamente "facilitar" a compra de geradores a preços inflacionados, numa altura em que o país enfrenta cortes generalizados de energia na sequência dos ataques das forças russas contra as infra estruturas energéticas.
Por outro lado, segundo o jornal Ukrainska Pravda, o vice-Procurador-Geral, Oleksiy Symonenko, esteve recentemente de férias em Espanha, embora as viagens ao estrangeiro, exceto para fins profissionais, sejam proibidas aos ucranianos do sexo masculino, com idade para combater.
De acordo com a publicação, Oleksiy Simonenko viajou num automóvel que pertencia a um empresário ucraniano, fazendo-se acompanhar de um guarda-costas.
Na segunda-feira, o chefe de Estado, Volodymyr Zelensky, anunciou que preparava mudanças nas altas esferas do poder e proibiu os altos funcionários de viajarem para o estrangeiro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Minsk e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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