"Os combates estão a intensificar-se", salientou Ganna Maliar, referindo-se a ataques na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, em áreas ao redor de Bakhmout, que as tropas de Moscovo tentam conquistar há vários meses, mas também em Vougledar.
Esta é a primeira vez que Vougledar, cidade que tinha cerca de 15.000 habitantes antes da guerra e localizada a sudoeste de Donetsk, é mencionada explicitamente entre as zonas de combate "intenso", noticiou a agência France-Presse (AFP).
"A intensidade da luta está a aumentar", insistiu Malear numa mensagem na rede social Telegram.
"No Donbass, contra a superioridade numérica e de armas [da Rússia], a vantagem do nosso lado reside no profissionalismo do comando militar e na coragem dos soldados", destacou ainda a vice-ministra da Defesa.
O Exército ucraniano admitiu hoje que se retirou de Soledar, duas semanas depois de as forças russas terem anunciado a conquista da pequena cidade do leste da Ucrânia próxima de Bakhmut.
A importância estratégica de Soledar tem sido contestada, com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede em Washington, a dizer que a sua conquista não corresponderia a "um desenvolvimento operacionalmente significativo".
O Exército russo apresenta a conquista de Soledar como um passo fundamental no cerco da cidade vizinha de Bakhmut, que tem procurado capturar desde o verão.
A televisão norte-americana CNN noticiou, na terça-feira, que Estados Unidos e países europeus aconselharam Kyiv a abandonar Bakhmut e a dar prioridade a uma ofensiva no sul, "usando um estilo de luta diferente que aproveite os milhares de milhões de dólares em novo material militar recentemente comprometido".
Os aliados de Kyiv comprometeram-se hoje a enviar carros de combate à Ucrânia, com os Estados Unidos a anunciarem o envio de 31 tanques Abrams.
Também hoje, Berlim confirmou o fornecimento de 14 tanques Leopard 2 a Kyiv, autorizando ainda outros países a enviarem estes veículos de combate para a Ucrânia. O ministro da Defesa alemão disse que os tanques podem estar operacionais em território ucraniano em cerca de três meses.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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