O chefe do governo alemão participou de manhã num debate com representantes da sociedade argentina e percorreu as ruas do La Boca, um dos bairros mais turísticos de Buenos Aires.
Depois, visitou o Parque de la Memoria, um memorial dedicado aos mortos pelo terrorismo de Estado, onde teve um encontro com representantes de organizações de direitos humanos e familiares das vítimas.
Neste seu último dia de visita à Argentina, Olaf Scholz lembrou os milhares de vítimas da ditadura militar de 1976 a 1983 e comparou esse regime com o que atualmente governa o Irão e a repressão à dos protestos recentes naquele país.
No Parque de la Memoria, Olaf Scholz disse que não conseguia parar "de pensar nos jovens que agora estão a ser assassinados no Irão por defenderem a sua liberdade e uma vida melhor".
Estima-se que, durante a ditadura militar na Argentina, tenham morrido entre 7.000 e 30.000 pessoas. Algumas das vítimas foram lançadas no Río de la Plata, nos chamados voos da morte, sem os seus familiares serem informados.
O que aconteceu na Argentina é um lembrete de que "a liberdade não deve ser dada como garantida" e "é nossa tarefa garantir que deixamos esses tempos para trás", frisou o chanceler.
A organização norte-americana Human Rights Activists News Agency (HRANA) publicou hoje um relatório, segundo o qual pelo menos 527 manifestantes morreram no Irão desde o início dos protestos, há mais de quatro meses.
O chanceler prestou também uma homenagem especial a Elisabeth Käsemann, socióloga alemã assassinada por militares argentinos em 24 de maio de 1977.
A sua agenda na Argentina terminou com uma visita à fábrica da Volkswagen em General Pacheco (província de Buenos Aires), de onde partiu para o aeroporto, onde apanhou um avião com destino ao Chile, e se encontro com o presidente do país, Gabriel Boric
Mas o eixo central da visita de Scholz àquele país da América Latina foi o encontro que manteve no sábado com o presidente Alberto Fernández, com quem acordou a importância de concluir "em breve" o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, alcançado em junho de 2019 após 20 anos de negociações.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia também foi tema entre os dois líderes, depois de esta semana o governo alemão ter autorizado o envio de tanques do tipo Leopard 2 para Kyiv.
"Fizemos tudo para que não haja uma escalada desta guerra que leve a um conflito entre a Rússia e os Estados da NATO. Faremos de tudo para que isso não aconteça", reforçou Scholz na conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo argentino no Palácio de San Martín, sede do Itamaraty.
O encontro dos dois dirigentes foi marcado, fundamentalmente, por questões económicas, já que a Argentina mostrou o seu potencial de exploração de recursos alimentares e energéticos e a Alemanha mostrou interesse em investir em projetos no terreno.
Depois de passar pela Argentina, o chefe do governo alemão visitará o Chile e o Brasil, no âmbito de um périplo pela América do Sul que visa o aprofundamento dos laços políticos e económicos com a região, a diversificação energética, as energias renováveis, o combate à crise climática e a defesa do multilateralismo.
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