"Isto significaria esforços adicionais para nós, mas não irá alterar o curso dos acontecimentos, a operação militar especial irá continuar", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
A Ucrânia tem vindo a solicitar tanques pesados, mísseis com um alcance superior a 100 quilómetros e aviões para realizar contraofensivas que lhe permitam recuperar o território ocupado pela Rússia.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse, na terça-feira, que vai discutir as necessidades de armamento da Ucrânia com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os mísseis de alta precisão com um alcance de 150 quilómetros destinam-se a destruir as linhas de abastecimento e os depósitos de munições russos, segundo Kyiv.
Na conferência de imprensa virtual diária, Peskov disse que o fornecimento deste tipo de mísseis levaria a "uma escalada de tensões, a um aumento do nível de escalada".
Peskov denunciou que "toda a infraestrutura militar da NATO está a trabalhar contra a Rússia", incluindo os aviões e satélites de reconhecimento da Aliança Atlântica.
"Trabalham 24 horas por dia, no interesse da Ucrânia. É claro que tudo isto cria condições muito especiais para nós, condições hostis, que não podemos ignorar", disse Peskov, segundo a agência espanhola EFE.
Moscovo tem acusado os Estados Unidos e os seus aliados da NATO de levarem a cabo uma guerra por procuração, através da Ucrânia, contra a Rússia.
O conselheiro presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, disse hoje que Kyiv está a negociar o fornecimento de mísseis de longo alcance com as potências ocidentais.
"Cada fase da guerra requer um certo tipo de armas. Já existe uma coligação [de países para fornecimento] de tanques. Já se fala de mísseis de longo alcance e de fornecimento de caças de combate", disse Podoliak na rede social Twitter.
A Ucrânia tem atualmente mísseis ocidentais com um alcance de 80 quilómetros.
Peskov estava a reagir a notícias da agência Bloomberg sobre os planos de Washington para um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
Fontes citadas pela Bloomberg admitiram que o novo pacote incluirá artilharia de longo alcance, segundo a agência espanhola Europa Press.
O novo pacote não incluirá, no entanto, mísseis com 300 quilómetros de alcance que permitiriam às forças ucranianas alcançar a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
Os aliados ocidentais da Ucrânia estão atualmente a preparar o envio de tanques de combate, incluindo o treino de militares ucranianos na sua utilização, depois de a Alemanha ter desbloqueado a entrega dos seus Leopard 2.
No âmbito da sua guerra contra a Ucrânia, a Rússia declarou, no final de setembro, a anexação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, mas a decisão não foi reconhecida internacionalmente.
A Ucrânia reclama a devolução dos territórios anexados, incluindo a Crimeia, como uma das pré-condições para eventuais negociações de paz.
Moscovo tem respondido que Kyiv tem de aceitar a nova situação e alertado o Ocidente de que não permitirá qualquer violação da sua integridade territorial, o que, na sua perspetiva, inclui as regiões anexadas à Ucrânia.
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