Na sequência da morte do jornalista, o Presidente camaronês, Paul Biya, ordenou uma investigação conjunta da polícia militar e da polícia sobre o "assassinato" de 'Martinez' Zogo,e as investigações "levaram, até à data, à detenção de várias pessoas cujo envolvimento neste crime hediondo é fortemente suspeito", enquanto "outros continuam a ser procurados", disse, numa declaração, o ministro de Estado e secretário-geral da Presidência da República, Ferdinand Ngoh Ngoh.
"As audiências em curso e os procedimentos judiciais que se seguirão permitirão circunscrever o grau de envolvimento de uns e outros e estabelecer a identidade de todos os envolvidos", acrescentou, sem adiantar mais pormenores.
'Martinez' Zogo era o diretor-geral da estação de rádio privada Amplitude FM, e o apresentador estrela de um programa diário, Embouteillage ("Engarrafamento"), no qual denunciava regularmente os negócios e a corrupção neste país da África Central, governado há mais de 40 anos por Paul Biya (89 anos), e pelo seu poderoso partido.
Arsène Salomon Mbani Zogo, conhecido como "Martinez", 50 anos, foi raptado em 17 de janeiro por assaltantes não identificados nos subúrbios da capital, Yaoundé, em frente a um posto policial, e foi encontrado morto cinco dias depois.
"O seu corpo tinha sido claramente sujeito a graves abusos", anunciou o Governo.
O assassinato de 'Martinez' Zogo suscitou fortes emoções nos Camarões, mas também no estrangeiro.
Num artigo publicado hoje pelo jornal francês Le Monde, 20 personalidades camaronesas, incluindo o escritor Calixthe Beyala, ou o intelectual Achille Mbembe expressam a sua "profunda preocupação com a viragem violenta do debate público".
Lamentam que, desde a descoberta do corpo do jornalista, "nenhuma informação oficial foi dada pelas autoridades sobre o progresso da investigação", denunciando uma "longa tradição de banalização da impunidade e de aceitação da atrocidade para assustar e desviar os cidadãos do seu dever de controlar a qualidade da gestão dos assuntos públicos".
Também a organização internacional Human Rights Watch (HRW) apelou às autoridades camaronesas para realizarem uma investigação "independente" e "transparente" ao assassinato.
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