Na quinta-feira, os residentes da cidade de Billings, no estado norte-americano de Montana, não muito longe da fronteira com o Canadá, olharam para o céu e repararam num estranho objeto voador... alguns pensaram que era uma nuvem, outros que era um OVNI, mas, afinal, veio a confirmar o Pentágono, tratava-se de um balão de espionagem que as autoridades vinham seguindo e rastreando.
Um balão de espionagem, acreditam os norte-americanos, comandado por Pequim... o que fez levantar tensões entre a China e os EUA, a apenas dias de uma importante visita do chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken, que o mesmo decidiu adiar.
"O secretário de Estado [Antony Blinken] tomou boa nota das justificações apresentadas pela China, mas declarou que se tratou um ato irresponsável e uma clara violação da soberania dos Estados Unidos que mina o objetivo da viagem", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, em comunicado, após a China, confrontada com a descoberta, ter alegado que se tratava de um “dirigível civil”, usado principalmente em pesquisas meteorológicas, que se teria desviado do rumo previsto. Esta foi a primeira vez que Pequim admitiu que o balão originou da China.
"Até que os factos sejam clarificados, fazer conjeturas e exaltar o problema não ajudará a resolvê-lo adequadamente", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.
Mas afinal, que estrutura voadora é aquela, e o que é que significa no atual panorama geopolítico?
Os balões são usados como ferramentas de espionagem desde os primeiros dias da Guerra Fria, tendo os EUA usado centenas deles para espiar os seus adversários, conforme revelou à CNN Peter Layton, membro do Griffith Asia Institute na Austrália e ex-oficial da Força Aérea Real Australiana.
De uma forma generalizada, tratam-se de equipamentos como câmaras, sensores e/ou microfones que, elevados até grandes altitudes (para lá dos 24 mil metros) captam informações sobre os seus ambientes envolventes. Muitas vezes são alimentados através de painéis solares, pelo que podem passar longos períodos de tempo no ar.
Até Portugal tem balões idênticos a estes, mas não para fins de espionagem - pelo menos que se saiba. O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explicou, em declarações à CNN Portugal, que o país lança, diariamente, pelo menos três balões destes, para fins meteorológicos. São lançados desde Lisboa, Funchal e Terceira, sendo que, na capital, chegam a ser lançados dois por dia.
As autoridades norte-americanas admitiram, aliás, que esta não é a primeira vez que intercetam um balão destes sobre o seu território, mas este captou a sua especial atenção devido ao tempo em que se manteve sobre a América do Norte. “Parece que está a manter-se [cá] durante um longo período de tempo, desta vez, [e é] mais persistente do que nas instâncias anteriores. Isso seria um fator diferenciador”, disseram os militares norte-americanos.
Canadá está preocupado
Nem só os EUA, no entanto, estão a seguir com atenção o percurso deste balão. O vizinho Canadá também se mostrou já preocupado, tendo mesmo chamado o embaixador chinês no país, Cong Peiwu, para pedir explicações sobre a presença deste artefacto voador.
O balão, entenda-se, continua a sobrevoar os EUA, conforme o próprio Pentágono já afirmou. O general Pat Ryder, porta-voz do Pentágono, explicou que o balão está a 60 mil pés de altitude (cerca de 18.280 metros), sobre a região central do país, mas terá mudado a sua trajetória. Ryder avançou que o balão "provavelmente" sobrevoará o país durante mais "alguns dias".
O mesmo oficial afastou, no entanto, que os norte-americanos pretendam abater o balão, uma vez que a queda de detritos poderia causar ferimentos ou mesmo a morte de civis.
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