Jornalista russa que interrompeu noticiário refugia-se em França
Marina Ovsyannikova fugiu da Rússia em outubro após ter sido colocada em prisão domiciliária e acusada de divulgar informações falsas sobre o Exército russo.
© NATALIA KOLESNIKOVA/AFP via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
Marina Ovsyannikova, a jornalista russa que, no final do mês de março, interrompeu o principal noticiário na televisão estatal russa para protestar contra a guerra na Ucrânia, está refugiada em França.
A jornalista, recorde-se, fugiu da Rússia em outubro após ter sido colocada em prisão domiciliária e acusada de divulgar informações falsas sobre o Exército russo, o que a poderia condenar a uma pena de 10 anos de prisão.
Na altura, o advogado de Ovsyannikova revelou que a jornalista estava “sob a proteção de um estado europeu”, mas não revelou mais informações porque podia “ser um problema para ela”.
Sabe-se agora, segundo a agência de notícias espanhola Efe, que a jornalista procurou asilo em Paris, após o presidente francês, Emmanuel Macron, lhe ter concedido o estatuto de refugiada.
“Preferi fugir daquele Estado totalitário, reminiscente da era estalinista, onde a repressão política é praticada por todos os meios, incluindo a pressão psicológica”, disse Ovsyannikova em conferência de imprensa em Paris, citada pela Efe.
A jornalista deu, esta sexta-feira, uma conferência de imprensa na capital francesa, na sede dos Repórteres Sem Fronteiras, onde explicou como conseguiu fugir da Rússia com a filha, com a ajuda da ONG.
O relato ficou também registado no livro ‘Zwischen Gut und Bose’ [‘Entre o bem e o mal’, na tradução livre], publicado hoje na Alemanha, e que será também publicado em francês e em inglês.
Marina Ovsyannikova tornou-se um símbolo do movimento antiguerra na Rússia quando em março passado apareceu num telejornal do canal pró-Kremlin em que trabalhava com um cartaz que denunciava a ofensiva na Ucrânia, iniciada em fevereiro, e a "propaganda" da imprensa controlada pelo Governo.
A jornalista emigrou para a Alemanha depois de protestar contra a decisão do Kremlin de lançar a chamada "operação militar especial" na Ucrânia, mas depois voltou para a Rússia, onde continuou a manifestar-se contra o conflito.
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