O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou, esta terça-feira, a Organização do Tratado do Atlântico Norte de demonstrar a sua hostilidade para com a Rússia diariamente, estando cada vez mais envolvida no conflito travado entre aquele país e a Ucrânia.
“A NATO é uma organização hostil para com a Rússia, que prova a sua hostilidade diariamente”, disse Peskov, em declarações à imprensa, citado pela agência Reuters.
O responsável considerou ainda que a Aliança Atlântica “está a fazer o seu melhor para tornar claro o seu envolvimento no conflito na Ucrânia”.
Para o Kremlin, o fornecimento de armas por parte dos aliados ocidentais à Ucrânia está a fazer ‘arrastar’ a guerra, aumentando a possibilidade de uma escalada do conflito.
Ainda assim, Peskov salientou que a participação de mercenários estrangeiros nas hostilidades ucranianas apenas atrasará os objetivos russos, não tendo capacidade de os alterar.
“[O recrutamento de mercenários estrangeiros por Kyiv] é capaz de mudar o curso da guerra? Não, não é capaz", disse, citado pela agência TASS, ressalvando que "pode prolongar o conflito, pode trazer mais sofrimento ao povo ucraniano, mas não é capaz de mudar o rumo da ofensiva".
Por seu turno, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, apontou que o organismo enfrenta uma "corrida contra o tempo" no envio de apoio militar suplementar à Ucrânia para fazer face às novas ofensivas da Rússia, em vésperas da reunião de ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que decorrerá entre terça e quarta-feira, em Bruxelas.
"Quase um ano após a invasão, o presidente [Vladimir] Putin não está a preparar-se para a paz, mas sim para lançar novas ofensivas", disse, justificando, por isso, que os aliados ocidentais devem "continuar a fornecer à Ucrânia o que precisa para vencer e para alcançar uma paz justa e sustentável".
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 7.155 civis desde o início da guerra e 18.817 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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