O documento divulgado na quinta-feira fala de "um número recorde de manifestações. Em média registaram-se 42 protestos por dia, mais do dobro do registado em janeiro de 2022, quando houve 534 protestos".
Segundo o OVSC, "os direitos laborais representam a maior exigência dos venezuelanos" e "a maioria dos protestos foi para reivindicar direitos económicos e sociais", seguindo-se os direitos "à segurança social, aos serviços básicos e à participação política".
"Os trabalhadores do setor da educação foram os grandes protagonistas dos protestos, realizando, todas as segundas-feiras, protestos em massa aos que se juntaram reformados, pensionistas e empregados públicos", explica o relatório.
Segundo o OVCS, o estado venezuelano de Bolívar registou o maior número de protestos (153), seguido de Mérida (120), Táchira (105), Miranda (91), Anzoátegui (87), Carabobo (75), Lara (65), Falcón (63), Portuguesa (57) e Barinas (56).
Em Caracas registaram-se 33 protestos e no vizinho estado de La Guaira 21.
"Foram documentados 18 protestos reprimidos em 12 [dos 24] estados e 13 pessoas foram detidas", explica o documento.
O OVCS apontou como motivos "a perda do poder aquisitivo do trabalhador venezuelano, perante o pouco valor do salário perante o cenário inflacionário" e de utilização do dólar norte-americano.
Os profissionais exigem respeito pelo direito à live associação e manifestação pacífica dos trabalhadores, "sem que sejam ameaçados, atemorizados, ou detidos por sair a protestar e reclamar a restituição das suas reivindicações salariais", disse o relatório.
Os trabalhadores condenam ainda as "reformas forçadas, antecipadas e não consensuais" implementadas em empresas básicas e a deterioração das infraestruturas educativas e hospitalares, assim como a falta de recursos e equipamento para o seu funcionamento e manutenção, num país onde "o salário mínimo oficial é equivalente a menos de seis dólares [5,6 euros] por mês", disse o OVCS.
"As condições para dispor de serviços básicos na Venezuela estão a piorar com o passar do tempo sob o olhar indolente e a inação das autoridades competentes. Todos os dias, os habitantes das cidades e aldeias realizam protestos como uma medida desesperada para viverem uma vida digna, com acesso à água, eletricidade e gás, como parte de outros serviços básicos que se estão a tornar cada vez mais caros", explica o documento.
Segundo o relatório, é comum que as pessoas se vejam "obrigadas a pagar valores em moeda estrangeira para receber água de camiões-cisterna" ou percorrer longas distâncias para se abastecerem em fontes improvisadas, rios, praias ou riachos.
"A falta de água vai além da esfera doméstica, afetando a prestação de serviços de saúde, assistência médica, atividades académicas", sublinha.
O OVCS diz ainda que estão a aumentar as reclamações por "apagões elétricos prolongados que interrompem as atividades diárias, afetam o funcionamento de eletrodomésticos e a preservação de alimentos".
O documento menciona ainda denúncias e reclamações sobre demoras de semanas e meses na venda e distribuição de botijas de gás.
Em janeiro, "o OVCS registou cerca de 105 manifestações relacionadas com o direito à participação política, promovidas principalmente por membros de partidos da oposição, que saíram à rua para exigir um sistema eleitoral independente e eleições presidenciais", lê-se no documento.
O relatório diz ainda que "os apoiantes do Governo de Nicolás Maduro marcharam exigindo o fim das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos".
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