"Mecanismo de paz" em África está a falhar, diz António Guterres

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou hoje que o "mecanismo da paz" em África está a falhar, como provam o aumento das guerras e conflitos, com destaque para a República Democrática do Congo (RDCongo) e Sahel.

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Lusa
18/02/2023 13:11 ‧ 18/02/2023 por Lusa

Mundo

António Guterres

No discurso na abertura da cimeira da União Africana, em Adis Abeba, António Guterres disse que "África precisa de ação em prol da paz", salientando que o trabalho de parceiro da ONU no continente "está a tornar-se cada vez mais complexo a cada ano".

"Temos de continuar a lutar pela paz", mas, "francamente o mecanismo da paz está a tremer" e o "sistema não é tão ágil e eficaz como deve ser", avisou Guterres no seu discurso.

"O terrorismo, a insegurança e os conflitos estão a aumentar", comentou, afirmando-se "profundamente preocupado com o recente aumento da violência de grupos armados no leste da República Democrática do Congo e com a progressão de grupos terroristas no Sahel e noutros locais".

Guterres abordou também o aumento dos governos militares, na sequência de golpes de Estado.

"Apoio o vosso apelo ao regresso de governos democraticamente eleitos e liderados por civis no Burkina Faso, Guiné, Mali e Sudão", disse Guterres aos chefes de Estado e de Governo, que também destacou progressos verificados no continente.

"O acordo de cessar-fogo liderado pela UA aqui na Etiópia - e felicito o primeiro-ministro Abiy Ahmed pelo êxito do processo - o cessar-fogo na Líbia, os acordos de paz no Sudão do Sul e na República Centro-Africana", bem como "a dinâmica de progresso na Somália dá-nos esperança" no futuro, acrescentou.

A ONU está a implementar uma Nova Agenda para a Paz para "revitalizar o multilateralismo e reforçar as nossas operações de paz em todo o mundo", com "uma visão holística que identifique as causas profundas e evite que as sementes da guerra germinem".

Esta nova agenda "estabelecerá uma abordagem abrangente da prevenção, ligando a paz, o desenvolvimento sustentável, a ação climática, e os direitos humanos, recorrendo à participação mais ampla das mulheres e dos jovens", considerou Guterres.

"Apoiamos de todo o coração a criação de uma nova geração de robustas missões de imposição da paz e operações antiterroristas, lideradas pela União Africana com um mandato do Conselho de Segurança, com financiamento garantido e previsível", salientou.

Os chefes de Estado e de Governo da União Africana reúnem-se hoje e domingo em Adis Abeba para a 36.ª cimeira da União Africana, na qual o primeiro-ministro português, António Costa, participa como convidado.

Leia Também: Conflitos e golpes de Estado dominam Cimeira da União Africana

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