No discurso na abertura da cimeira da União Africana, em Adis Abeba, António Guterres disse que "África precisa de ação em prol da paz", salientando que o trabalho de parceiro da ONU no continente "está a tornar-se cada vez mais complexo a cada ano".
"Temos de continuar a lutar pela paz", mas, "francamente o mecanismo da paz está a tremer" e o "sistema não é tão ágil e eficaz como deve ser", avisou Guterres no seu discurso.
"O terrorismo, a insegurança e os conflitos estão a aumentar", comentou, afirmando-se "profundamente preocupado com o recente aumento da violência de grupos armados no leste da República Democrática do Congo e com a progressão de grupos terroristas no Sahel e noutros locais".
Guterres abordou também o aumento dos governos militares, na sequência de golpes de Estado.
"Apoio o vosso apelo ao regresso de governos democraticamente eleitos e liderados por civis no Burkina Faso, Guiné, Mali e Sudão", disse Guterres aos chefes de Estado e de Governo, que também destacou progressos verificados no continente.
"O acordo de cessar-fogo liderado pela UA aqui na Etiópia - e felicito o primeiro-ministro Abiy Ahmed pelo êxito do processo - o cessar-fogo na Líbia, os acordos de paz no Sudão do Sul e na República Centro-Africana", bem como "a dinâmica de progresso na Somália dá-nos esperança" no futuro, acrescentou.
A ONU está a implementar uma Nova Agenda para a Paz para "revitalizar o multilateralismo e reforçar as nossas operações de paz em todo o mundo", com "uma visão holística que identifique as causas profundas e evite que as sementes da guerra germinem".
Esta nova agenda "estabelecerá uma abordagem abrangente da prevenção, ligando a paz, o desenvolvimento sustentável, a ação climática, e os direitos humanos, recorrendo à participação mais ampla das mulheres e dos jovens", considerou Guterres.
"Apoiamos de todo o coração a criação de uma nova geração de robustas missões de imposição da paz e operações antiterroristas, lideradas pela União Africana com um mandato do Conselho de Segurança, com financiamento garantido e previsível", salientou.
Os chefes de Estado e de Governo da União Africana reúnem-se hoje e domingo em Adis Abeba para a 36.ª cimeira da União Africana, na qual o primeiro-ministro português, António Costa, participa como convidado.
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